Butantan aguarda pedido do Ministério da Saúde para definir se irá importar doses prontas da CoronaVac para crianças ou produzir no instituto
Processo de importação das doses deve demorar 45 dias, contados após o governo federal solicitar fornecimento do imunizante e inclui-lo no Programa Nacional. Butantan também pode receber insumo da China a finalizar a produção nacionalmente.
Foram, ato todo, 519.800 doses da Coronavac que vão reforçar os estoques dos municípios — Foto: Miva Filho/ Arquivo SES-PE
O Instituto Butantan irá definir se importará doses prontas da CoronaVac ou irá produzir o imunizante no Instituto após o Ministério da Saúde incluir a vacina no Programa Nacional de Imunização para crianças de 3 a 5 anos. A informação foi confirmada pelo o secretário estadual da Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn.
Sem as doses prontas, o Butantan precisa receber o insumo da China e finalizar a produção da vacina nacionalmente. A decisão, de acordo com o secretário, será tomada após definição do quantitativo de doses que serão solicitadas pelo governo federal.
A aplicação nessa faixa-etária foi aprovada por unanimidade pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária nesta quarta (13).
“Nós precisamos primeiro que o Ministério insira essas vacinas pra essa faixa etária no nosso Programa Nacional de Imunização. A partir disso, ela faz a comunicação ao Instituto Butantan do quantitativo, de quantas doses ela vai precisar, o próprio Ministério, para a campanha de imunização em todo o país. A partir de então, o Butantan define se vai ser mais rápido trazer essas vacinar já prontas de fora ou produzi-las aqui no país”, disse Gorinchteyn em entrevista à TV Globo nesta quinta (14).
Segundo o secretário, os municípios que tiverem doses sobrando, poderão iniciar a imunização dessa população após o aval do Ministério da Saúde.
A cidade do Rio de Janeiro, porém, mesmo sem a autorização, anunciou que começará a aplicar a vacina nesta sexta (15).
“Todas as vezes que nós vamos falar de imunização, a gente precisa ter vacinas. Alguns municípios têm quantitativo de doses, até porque várias pessoas deixaram de tomar essas doses, são aquilo que nós chamamos “faltosos”, e dessa maneira eles podem aplicar não só estendendo para faixas etárias, mas também procedendo a vacinação agora quando liberada pra crianças de 3 a 4 anos e 11 meses”.
No caso do estado de SP, o governo diz aguardar que o governo federal encaminhe novas remessas de doses do imunizante para a ampliação da vacinação das crianças de 3 e 4 anos.
00:00/02:16
Anvisa aprova o uso emergencial da CoronaVac pra crianças de 3 a 5 anos
A Coronavac está autorizada para uso emergencial no Brasil desde o dia 17 de janeiro de 2021, mas foi somente em janeiro de 2022 que a agência regulatória autorizou a ampliação do uso da vacina para crianças e adolescentes de 6 a 17 anos de idade.
Os cinco diretores que votaram com a relatora Meiruze Freitas aprovaram a aplicação também para o grupo de imunossuprimidos, pessoas que têm baixa imunidade.
Aplicação depende do Ministério da Saúde
A aprovação da Anvisa para essa faixa etária segue agora para a Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização da Covid-19 do Ministério da Saúde.
O g1 entrou em contato com o Ministério da Saúde questionando quantas doses serão distribuídas e qual o cronograma da pasta, mas o Ministério respondeu apenas que “vai avaliar, junto à Câmara Técnica Assessora em Imunizações, o uso do imunizante nesta faixa etária”.
Esquema vacinal e composição
O esquema vacinal para crianças a partir de 3 anos é o mesmo recomendado para os adultos: duas doses aplicadas em um intervalo de 28 dias. A vacina será a mesma já aplicada na população em geral.
A mudança na faixa etária foi defendida na análise de Gustavo Mendes, gerente de medicamentos da Anvisa.
“Nós temos uma realidade em que o contexto exige ações, estratégias para que a gente possa garantir uma cobertura vacinal, mas é preciso acompanhamento dos compromissos e dados para que a gente possa saber por quanto tempo estamos protegidos, quando vamos precisar de doses de reforço, como é o esquema vacinal para o futuro e o desempenho frente às variantes”, disse o gerente de medicamentos.
Especialistas e entidades defenderam a ampliação
Durante a reunião, a Anvisa também apresentou considerações de especialistas e entidades médicas para a aprovação da vacina para crianças a partir de 3 anos.
Para a Sociedade Brasileira de Imunizações, Sociedade Brasileira de Infectologia, Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, os benefícios da imunização nessa faixa etária superam os eventuais riscos associados à vacinação.
Apesar disso, as entidades sugeriram a realização de estudos que possam identificar a possibilidade de coadministração com outras vacinas pediátricas e uso da vacina em esquemas alternativos, com doses de reforço e intervalos de doses superiores.
Prédio da Anvisa em Brasília — Foto: REUTERS/Adriano Machado
“A doença é menos grave nas crianças, mas não significa que não traga risco de hospitalização e morte”, avaliou também Marco Aurélio Sáfadi, infectologia e presidente do Departamento de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria.
Durante a apresentação do seu parecer, o especialista defendeu que estender a vacinação para esse grupo é uma estratégia importante para diminuir carga de hospitalizações e mortes dessas crianças.
“Até o momento no país já registramos mais de 12 mil hospitalizações e 952 mortes atribuídas a Covid19 nessa faixa etária”, relembrou.
Vacinação em crianças
Dados do consórcio de veículos de imprensa apontam que 13.094.879 doses foram aplicadas em crianças de 5 a 11 anos, que estão parcialmente imunizadas – o número representa quase 63,88% da população nessa faixa etária que tomou a primeira dose.
Ainda nesta faixa, 8.111.105 estão totalmente imunizadas ao tomar a segunda dose de vacinas, o que corresponde a 39,57% da população deste grupo.
Fonte: G1