‘Jogou água gelada em mim’, diz mulher sobre suspeito de transfobia em SP; veja vídeo

Segundo Isabella Azevedo, agressor não queria que ela esperasse carro por aplicativo na frente da casa dele, na Zona Sul. Ela gravou agressão em 1º de junho. Polícia Civil investiga esta e outra denúncia de outra trans contra mesmo suspeito.


Ele é um homem transfóbico’, diz mulher sobre homem que agrediu garotas de programa em SP

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Ele é um homem transfóbico’, diz mulher sobre homem que agrediu garotas de programa em SP

“Jogou água gelada em mim”, disse uma garota de programa sobre o suspeito de transfobia que aparece num vídeo que viralizou na internet a agredindo. Isabella Azevedo tem 20 anos e é a mulher transexual que filmou o homem que aparece com uma panela e um cachorro numa calçada na Zona Sul de São Paulo.

Em entrevista ao g1 (veja vídeo acima), ela contou que ele a agrediu no último dia 1º de junho, quando fazia muito frio.

A Polícia Civil identificou o possível suspeito de ter agredido Isabella e também Priscyla Rodrigues, outra trans que trabalha como garota de programa na região da Saúde. Priscyla perdeu um dente após ter sido agredida com socos no rosto pelo homem na última quinta-feira (9). Uma amiga dela gravou as agressões e também compartilhou os vídeos nas redes sociais.

A Delegacia de Polícia de Repressão aos Crimes Raciais e de Delitos de Intolerância (Decradi) apura os dois casos.

“Ele veio mandar eu sair do local onde eu tava e começou uma discussão, ele jogou água em mim três vezes, fora agressão verbal”, disse Isabella sobre o agressor. O vídeo mostra que ele aparece ao lado de um cachorro jogando água nela e em outra trans.

Trans Isabella Azevedo foi molhada com água gelada por um morador do bairro da Zona Sul de São Paulo — Foto: Reprodução/Redes sociais e Arquivo pessoal

Trans Isabella Azevedo foi molhada com água gelada por um morador do bairro da Zona Sul de São Paulo — Foto: Reprodução/Redes sociais e Arquivo pessoal

O motivo? De acordo com Isabella, o fato de estar esperando um carro por aplicativo na frente da casa dele. A jovem contou ainda que chegou a chamar uma viatura da Polícia Militar (PM), que foi ao local, mas a desmotivou a dar queixa.

“Eu chamei a polícia e os mesmos falaram que o vídeo que eu tinha não mostrava nenhuma agressão, então não adiantava eu ir na delegacia”, disse Isabella.

Questionada pelo g1, a Secretaria da Segurança Publica (SSP) informou que “sobre a denúncia apontada, a Corregedoria da Polícia Militar está à disposição para formalização da mesma, a fim de que os fatos sejam devidamente apurados”.

Ativista e advogado

Homem joga panela com água em mulher — Foto: Reprodução/Redes sociais

Homem joga panela com água em mulher — Foto: Reprodução/Redes sociais

O ativista LGBTQIAP+ Agripino Magalhães e o advogado Caue Machado estão dando assessoria e apoio jurídico às vítimas. “Esse é o retrato do nosso país, que a gente vive todos os dias”, disse Agripino.

“Independentemente do que ali ensejou a agressão, não justifica”, disse Caue, que pedirá para a polícia investigar os crimes como transfobia. Segundo ele, diferentemente da lesão corporal, “a transfobia é um crime inafiançável, imprescritível e dá prisão”.

O advogado ressaltou também que prostituição não é crime no Brasil. Crime é alguém explorar a prostituição, aliciando garotas de programa, por exemplo, o que não era o caso das vítimas.

A TV Globo ouviu moradores da região na sexta-feira (10), que disseram que o vídeo postado pelas trans foram editados e que não gravaram toda a confusão. Falaram ainda que outras pessoas do bairro também jogam água nas garotas de programa para que não façam barulho. Eles alegam que há muitas reclamações de perturbação do sossego.

Sorriso de volta

Priscyla Rodrigues foi agredida por um morador e teve um dente quebrado; dentistas voluntários de uma ONG ofereceram a reconstrução e um tratamento para ela — Foto: Reprodução/Redes sociais e Arquivo pessoal

Priscyla Rodrigues foi agredida por um morador e teve um dente quebrado; dentistas voluntários de uma ONG ofereceram a reconstrução e um tratamento para ela — Foto: Reprodução/Redes sociais e Arquivo pessoal

A mulher transexual que teve o dente quebrado por um homem em São Paulorecuperou o sorriso e ganhou um tratamento. Priscyla recebeu no último sábado (11) gratuitamente uma prótese provisória feita por um dentista que se solidarizou com a vítima.

Também recebeu sem qualquer custo um tratamento dentário bancado pela Turma do Bem, que conta com dentistas voluntários, que se sensibilizaram com o drama da garota de programa. A ONG oferece ajuda a mulheres cis e trans vítimas de violência.

“No momento estou feliz pelo começo”, disse Priscyla, nesta segunda (13) ao g1. “Espero que dê tudo certo no meu tratamento. E o homem que fez isso comigo pague pelo que ele fez. Ele é transfóbico.”

Advogado Caue Machado, trans Priscyla Rodrigues e Agripino Magalhães, ativista LGBTQIAP+, foram à delegacia especializada denunciar homem por transfobia — Foto: Divulgação/Arquivo pessoal

Advogado Caue Machado, trans Priscyla Rodrigues e Agripino Magalhães, ativista LGBTQIAP+, foram à delegacia especializada denunciar homem por transfobia — Foto: Divulgação/Arquivo pessoal

Nesta terça-feira (14), Priscyla foi a uma delegacia especializada, onde reconheceu o agressor por foto. Apesar de já ter o nome do suspeito, a Polícia Civil quer analisar mais vídeos que o mostrariam agredindo outras mulheres transexuais, todas garotas de programa, para ter a convicção de que se trata da mesma pessoa e, depois disso, poder confirmar a sua identidade.

Quem tiver informações sobre o agressor, pode telefonar para o Disque-Denúncia pelo número 181. Não é preciso se identificar. A Secretaria da Segurança Pública (SSP) orienta outras vítimas do mesmo homem a procurar a delegacia da região para denunciá-lo.

‘Destruiu meu sorriso’

Vídeos mostram homem agredindo trans com socos e água em SP

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Vídeos mostram homem agredindo trans com socos e água em SP

Na semana passada, a jovem de 26 anos havia dito à reportagem que o agressor “destruiu o meu sorriso”. Priscyla ainda teve hematomas na face, nas pernas e nos braços e afirmou que o homem fraturou seu nariz.

O motivo das agressões foi o fato de ela estar trabalhando como garota de programa na esquina da Alameda dos Quinimuras com a Avenida Irerê, na Saúde. Quem filmou a violência contra ela foi outra trans, que compartilhou o vídeo na internet. Nas imagens é possível ver o agressor dando socos no rosto de Priscyla, que pede para chamarem a polícia.

Fonte: G1

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