Rafael Ramos, do Corinthians, depõe ao STJD e volta a negar uso de termo racista a Edenilson
Segundo advogado, jogador contou que desconhecia uso de “macaco” em ofensas raciais e que palavra não é utilizada em Portugal em manifestações preconceituosas
Edenilson, do Internacional, acusa Rafael Ramos, do Corinthians, de injúria racial
Lateral-direito do Corinthians , o português Rafael Ramos esteve no início da tarde desta terça-feira na sede do TJD (Tribunal de Justiça Desportiva) de São Paulo, dentro da Federação Paulista de Futebol, para prestar depoimentos sobre a denúncia de ofensas racistas feitas por Edenílson, do Internacional.
O interrogatório é parte de um expediente disciplinar em andamento no STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva).
Ele esteve acompanhado do gerente de futebol Alessandro Nunes e de Daniel Bialski, advogado contratado pelo clube para conduzir a defesa do jogador na esfera desportiva. Fora do futebol, Bialski é bastante conhecido por advogar para a primeira-dama Michelle Bolsonaro.
Daniel Bialski, advogado de Rafael Ramos, lateral do Corinthians — Foto: Henrique Toth
Após o depoimento, o advogado afirmou à imprensa que Rafael Ramos, mais uma vez, negou ofensa racial a Edenílson, afirmando ter dito um palavrão: “Mano, caralho”.
O jogador também comentou que o termo acusado, “macaco”, não é utilizado em manifestações preconceituosas em Portugal, seu país.
– Uma coisa importante que ele disse hoje, que precisa ser muito ressaltada. É que em Portugal, conforme ele mencionou, não se faz esse tipo de comentário quando se quer falar algo preconceituoso, e ele desconhecia que isso era utilizado no Brasil – disse Bialski.
O advogado também contou que foi apresentado um laudo feito pela defesa, que um segundo será feito, e que declarações de colegas em defesa do lateral serão juntadas aos autos.
– Ele reafirmou o que já tinha dito várias vezes não somente no depoimento oficial que prestou em Porto Alegre, mas em todas as declarações, de que em momento algum ele ofendeu de forma racista o Edenílson.
O jogador pode ser enquadrado no artigo 243-G do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), que pune ato discriminatórios. A pena é de cinco a dez partidas, com multa que pode chegar a R$ 100 mil.
O inquérito, conduzido por Paulo Feuz, auditor do Pleno do STJD, também ouvirá a versão do meio-campista do Internacional, que prestará esclarecimentos no próximo dia 6. O Inter joga domingo em Bragança Paulista, contra o Internacional, e três dias depois vai a Santos enfrentar o Peixe.
O jogador do Corinthians se defende também na esfera criminal, em investigação conduzida pela Polícia Civil de Porto Alegre.
Relembre o caso:
A confusão começou aos 30 minutos do segundo tempo. Edenilson e Rafael Ramos se desentenderam depois de uma jogada pelo lado direito do ataque do Inter. Em seguida, o jogador colorado se dirigiu ao árbitro, e o jogo ficou paralisado por quase quatro minutos.
Acusado de ter usado a palavra “macaco” durante duelo contra o Internacional, Rafael Ramos foi preso em flagrante pela Polícia no Beira-Rio logo após a partida, mas acabou liberado após prestar depoimento e pagar fiança de R$ 10 mil. Ele negou as acusações e disse ter dito outras palavras.
Edenilson, do Inter, diz ter sofrido injúria racial de Rafael Ramos, do Corinthians — Foto: Silvio Avila/Getty Images
Na semana passada, uma perícia contratada pela defesa de Rafael Ramos apresentou relatório assegurando que ele não falou a palavra “macaco”. Segundo o “Centro de Perícias de Curitiba”, as palavras ditas pelo jogador teriam sido “pô, caralho”. O Corinthians pede a apuração dos fatos.
Fonte: Ge