‘Bolsonaro jacaré’ foi ‘troco’ pela lentidão para vacinar os brasileiros, diz carnavalesco da Rosas de Ouro
Paulo Menezes afirma que desfile foi um ‘grito de guerra’ após a pandemia. Em dezembro de 2020, o presidente disse que não tomaria vacina contra a Covid-19.
Bolsonaro toma vacina e vira jacaré no desfile da Rosas de Ouro em SPhttps://e04a47c331648d3985bc2903e6d41ee9.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html
O carnavalesco da Rosas de Ouro, Paulo Menezes, responsável pelo desfile e pelo carro alegórico em que um personagem que representava Jair Bolsonaro era transformado em jacaré depois de receber uma dose de vacina, disse que a proposta não era criticá-lo diretamente, mas abordar as dificuldades enfrentadas pelos brasileiros durante a pandemia da Covid-19.
“Foi uma brincadeira. Por muito tempo, o Bolsonaro não quis que a gente se vacinasse, e a gente deu um troco na avenida. Faltam deboche e brincadeira no Carnaval hoje em dia, e a gente deu isso no final. O mundo está ficando certinho demais”, explicou Menezes.
Sexta escola a desfilar no Anhembi na manhã deste domingo (24), a escola fez referência a uma declaração de Bolsonaro em dezembro de 2020, que disse que não tomaria vacina e que, se a pessoa optasse por tomar e virasse um jacaré, o problema seria dela.
O enredo da Rosas de Ouro, que se apresentou no segundo dia do Grupo Especial, debateu os rituais e caminhos para curar todos os males por meio da fé, da magia, da ciência e do samba.
Ideia surgiu em 2020 e assustou direção
A ideia do carro alégorio foi pensada em 2020, quando a pandemia chegou ao Brasil. Em junho, o planejamento foi encerrado, com a expectativa de que o Carnaval pudesse ocorrer em 2021, disse Menezes.
“O Carnaval deste ano foi um grito de guerra. Liberamos tudo de ruim que vivemos nos últimos anos e homenageamos todos aqueles não puderam estar conosco”, afirmou o carnavalesco.
Para fechar o enredo com críticas ao governo na gestão da pandemia, Menezes admite que “assustou” a presidência e a vice-presidente da Rosas de Ouro, Angelina Basílio e Osmar Costa, respectivamente.
“Eles ficaram assustados porque não era costume [da escola] fazer esse tipo de brincadeira, mas gostaram. Foi uma grande chanchada. Se você pegar o carnaval dos anos 1980 e 1990, sempre tinha deboche da política”, disse Menezes.
Questionado sobre possíveis críticas de apoiadores do governo, o carnavalesco afirma ainda não ter recebido, mas acredita que irá receber em breve.
“A realidade é triste, mas o brasileiro tem o costume brincar de sua própria desgraça. É isso que nos diferença do restante do mundo. Afinal, Carnaval é alegria”, finaliza ele.
Fonte: G1