Geral

Doria oficializa saída do governo de SP e diz que mantém pré-candidatura à Presidência

Houve uma articulação nos bastidores para que Doria desistisse das eleições em outubro. Ação seria resposta à ala do PSDB que defende que Eduardo Leite seja o candidato à Presidência da República.


João Doria (PSDB) em evento nesta quinta-feira (31). — Foto: RENATO S. CERQUEIRA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

João Doria (PSDB) em evento nesta quinta-feira (31). — Foto: RENATO S. CERQUEIRA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDOhttps://fc7678cf95dca998661a427d36c6d54a.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html

João Doria (PSDB) oficializou nesta quinta-feira (31), em pronunciamento no Palácio dos Bandeirantes, a sua saída do governo de São Paulo e afirmou que vai manter a sua pré-candidatura à Presidência da República pelo partido.

O vice-governador, Rodrigo Garcia (PSDB), irá assumir no seu lugar e se candidatará ao cargo no estado. O evento foi realizado no momento em que havia uma discussão sobre uma possível desistência de Doria à disputa.

“Sim, serei candidato à Presidência da República pelo PSDB, nosso partido, o Partido da Social Democracia Brasileira. E junto, ao lado de outros partidos valorosos, de políticos e de pessoas que têm respeito pela democracia, pela vida e pelos cidadãos, nós vamos vencer, vamos vencer o populismo, a maldade, a adversidade, a corrução. E juntos, todos nós, vamos ter um novo Brasil. Viva a nossa pátria”, afirmou Doria.

“Eu quero estar ao lado de vocês, a partir do próximo dia 2 [de abril], para mostrar que é possível, sim, ter uma nova alternativa para o Brasil”, completou.

Ele defendeu ainda a construção de uma “frente ampla”: “É hora de enfrentarmos as adversidades coletivamente e não individualmente. É hora de construir uma frente ampla”.

Recuo na desistência

Doria é carregado por apoiadores após manter a pré-candidatura à Presidência — Foto: Divulgação

Doria é carregado por apoiadores após manter a pré-candidatura à Presidência — Foto: Divulgação

Ao longo do dia, o plano de uma possível desistência da pré-candidatura ao Palácio do Planalto era aventado como uma espécie de contra-ataque de Doria ao que ele via como uma traição do PSDB – uma ala do partido defende que o candidato tucano à Presidência seja Eduardo Leite, que deixou o governo do Rio Grande do Sul.https://fc7678cf95dca998661a427d36c6d54a.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html

Garcia foi pego de surpresa e se irritou com a possibilidade de Doria permanecer no governo. Em protesto, pediu demissão do cargo de secretário de Governo.

Em seu discurso no Bandeirantes, Doria, dirigindo-se a Garcia, reforçou a lealdade do vice-governador.

“Como é bom olhar para os olhos das pessoas, Rodrigo, e perceber esse sentimento de gratidão. E gratidão é aquilo que eu sinto por você, amigo, colega, parceiro, leal e dedicado”, disse.

Doria e Garcia deram as mãos e todos cantaram o coro de “Brasil para frente, Doria presidente”.

Garcia retribuiu e disse: “Hoje, nós estamos chegando ao final de um ciclo, mas ninguém está aqui para te dizer adeus, nós estamos aqui para te dizer um até breve. Um até breve porque nós sabemos da importância para o Brasil daquilo que você fez em São Paulo e fará no restante do Brasil”.

Também estavam presentes ao evento o presidente do PSDB, Bruno Araújo, o presidente da Assembleia Legislativa, Carlão Pignatari (PSDB), o presidente da Câmara, Milton Leite (União Brasil), e o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB).

O secretário de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi, e Pignatari, reafirmaram “a importância de dar continuidade ao projeto” do governador.

Em meio a bastidores de um tucanato em ruínas, Doria frisou a participação de 619 prefeitos das 645 cidades do estado.https://fc7678cf95dca998661a427d36c6d54a.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html

O governador João Doria (PSDB) em evento nesta quinta-feira (31). — Foto: Rodrigo Rodrigues/g1

O governador João Doria (PSDB) em evento nesta quinta-feira (31). — Foto: Rodrigo Rodrigues/g1

Prévias

Doria venceu as prévias do PSDB para concorrer à Presidência da República no fim de novembro de 2021. Na época, ele obteve mais que a maioria dos votos (50% mais um) e superou Leite e o ex-prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto.

A disputa foi marcada por divergências entre os pré-candidatos, que dividiram posições dentro da legenda. Ao longo da pré-campanha, Doria e Leite trocaram farpas, e a demora para a conclusão da votação acabou agravando a crise entre os governadores.

Apesar de ter perdido as prévias, Leite vem mantendo a disposição em concorrer à Presidência da República. Ele chegou a negociar uma ida para o PSD, de Gilberto Kassab, mas, após uma carta de tucanos tradicionais, decidiu permanecer no PSDB .https://fc7678cf95dca998661a427d36c6d54a.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html

A última pesquisa Datafolha, feita em 22 e 23 de março, simulou dois cenários da disputa presidencial com a presença de Doria no 1º turno. Em ambos, ele tinha 2% das intenções de voto na pesquisa estimulada (em que os nomes são apresentados aos entrevistados) – percentuais ainda menores do que ele havia registrado em pesquisa feita em dezembro.

No final da semana passada, Eduardo Leite deixou o cargo de governador do Rio Grande do Sul e, no início desta semana, disse que respeita as prévias do PSDB, mas que elas não podem servir como corrente para o partido.

No último domingo (27), Doria chegou a afirmar, em coletiva de imprensa, que a articulação de parte minoritária de integrantes do PSDB que querem tirá-lo da disputa presidencial na eleição de 2022 é um “golpe” e uma “tentativa torpe, vil, de corroer a democracia e fragilizar” o partido.

“Diante de prévias realizadas com o amparo da Justiça Eleitoral, com investimentos também registrado na Justiça Eleitoral – foram R$ 10 milhões investidos para que o partido fizesse suas prévias – as prévias valem. Qualquer outro sentimento diferente disso é golpe. Uma tentativa torpe, vil, de corroer a democracia e fragilizar o PSDB”, disse na ocasião.

Doria chama de ‘golpe’ a articulação de parte do PSDB que quer tirá-lo da disputa presidencial em 2022

Doria chama de ‘golpe’ a articulação de parte do PSDB que quer tirá-lo da disputa presidencial em 2022

Vice-governador

Conforme determina a lei eleitoral, Doria tem até o dia 2 de abril para deixar o cargo de governador de São Paulo e se dedicar integralmente à campanha presidencial desse ano.

No lugar dele, o vice Rodrigo Garcia, que já tinha sido confirmado pelo PSDB como pré-candidato ao Palácio dos Bandeirantes, assume o cargo.

O governador de São Paulo, João Doria, ao lado do vice-governador Rodrigo Garcia, ambos do PSDB. — Foto: Secom/GESP

O governador de São Paulo, João Doria, ao lado do vice-governador Rodrigo Garcia, ambos do PSDB. — Foto: Secom/GESPhttps://fc7678cf95dca998661a427d36c6d54a.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html

Em evento em São Paulo no último dia 21 de março, Doria havia anunciado que deixaria o Palácio dos Bandeirantes no prazo estipulado.

“No próximo dia 2 eu deixo o cargo de governador, e o Rodrigo Garcia vai dar continuidade, nas mesmas circunstâncias, mesmo objetivo, mesmo comportamento, mesma eficiência, mesma altivez, mesma compaixão e mesmo rigor na manifestação pela igualdade e contra discriminação”, disse durante evento de lançamento de uma cartilha de orientação ao comércio para enfrentamento do racismo nas relações de consumo.

Fonte: G1

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *