Poluição ameaça saúde de quem corre nas ruas de São Paulo
Poluição ameaça saúde de quem corre nas ruas de São Paulo
Paulo Saldiva alerta que partículas tóxicas e ozônio elevam risco respiratório e cardíaco para quem treina nas ruas da capital

Se você é daqueles que acordam cedo para correr pelas ruas de São Paulo, vale ficar atento: a poluição do ar tem trazido impactos cada vez mais preocupantes para a saúde de quem pratica atividade física ao ar livre. O professor Paulo Saldiva, médico da Faculdade de Medicina da USP, especialista em poluição do ar e do meio ambiente, explica como isso ocorre dentro do corpo.
Quando corremos, nosso corpo precisa de mais oxigênio, e com isso respiramos mais rápido e mais fundo. O problema é que, junto com o ar, também entra uma quantidade maior de poluentes, como fumaça de carros, partículas finas e o ozônio que se forma nos dias mais quentes. “A inalação dessas partículas, quando chega no pulmão, também deflagra uma resposta inflamatória sistêmica que leva a um aumento transitório da pressão arterial, o que obriga também o coração a trabalhar com mais força ou mais dificuldade”, explica Saldiva.

Cardiologistas também alertam que a poluição pode aumentar a inflamação no corpo e elevar o risco de problemas no coração, principalmente entre pessoas que já têm alguma condição preexistente. Esses agentes irritam as vias aéreas, aumentam o risco de crises de asma, bronquite e até reduzem a capacidade pulmonar ao longo do tempo.
Índices piores em São Paulo
Em São Paulo, regiões com muitos carros — como Marginais, grandes avenidas e corredores de ônibus —, os índices são ainda piores. Em dias de ar muito seco ou quando há alerta de qualidade do ar ruim, o ideal é evitar correr nesses locais e buscar parques com mais vegetação, ou ajustar o horário para períodos com menos trânsito, como bem cedo ou à noite.
O professor exemplifica o que aconteceu nas Olimpíadas de Beijing, na China, onde grande parte dos atletas apresentou queda no desempenho em função da poluição ambiental das indústrias. “Em alguns experimentos naturais, como, por exemplo, o ocorrido nas Olimpíada de Beijing, houve fechamento das indústrias e da redução do tráfico para melhorar os níveis de poluição, porque lá era muito mais alto do que nós temos aqui na cidade de São Paulo,” finaliza.
Mesmo assim, a recomendação não é abandonar o exercício, mas sim se proteger: acompanhar os boletins de qualidade do ar, hidratar-se bem e, quando possível, escolher trajetos com menos poluição fazem toda a diferença. Cuidar da saúde também é escolher bem onde correr.
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