Do perdão ao pai à autocrítica sobre a Copa, Gabriel Jesus abre o jogo: “Brasil é máquina de triturar”
Do perdão ao pai à autocrítica sobre a Copa, Gabriel Jesus abre o jogo: “Brasil é máquina de triturar”
Prestes a voltar a jogar, atacante revela como superou críticas em 2018, diz não ver Seleção sem Neymar, conta bastidores de Guardiola e reforça o desejo de voltar ao Palmeiras: “Vai acontecer”
Por Bruno Cassucci, Felipe Brisolla e Ivan Raupp — Londres, Inglaterra

Abre Aspas Gabriel Jesus: Críticas, Seleção e a explicação sobre “gol não é meu forte”
Houve um tempo em que era difícil para Gabriel Jesus resgatar certas memórias. Comentar a ausência do pai em sua criação, por exemplo, o incomodava. As lembranças da Copa do Mundo de 2018 — e as críticas relacionadas a ela — também não estavam totalmente resolvidas.
Hoje, aos 28 anos, o atacante do Arsenal prefere falar sobre o futuro: a retomada da carreira após cirurgia no joelho esquerdo, o desejo de voltar à Seleção, o sonho de ganhar um Mundial pelo Palmeiras.
O passado já não é um tabu. Mais maduro, fortalecido pelos filhos Daniel e Helena, e conectado com a fé, Gabriel Jesus refletiu sobre a vida e a carreira em entrevista ao Abre Aspas, do ge.
O papo de quase 1h30 ocorreu em Londres, cidade em que Gabriel Jesus aproveita como os locais: anda de bicicleta, frequenta parques e recorre ao transporte por aplicativos quando necessário. A experiência de quase uma década na Inglaterra faz a cria do Jardim Peri, periferia de São Paulo, olhar de outra forma para aquilo que o Brasil tem de melhor e pior.
Na conversa, o atacante reflete sobre momentos marcantes da carreira, conta bastidores do trabalho com Pep Guardiola e Neymar e analisa o futebol brasileiro:
– É uma máquina de revelar jogadores. Só que, às vezes, é uma máquina de triturar.

Abre Aspas: Gabriel Jesus revela como superou mágoa do pai
Ficha técnica
- Nome: Gabriel Fernando de Jesus
- Idade: 28 anos
- Carreira no futebol: Palmeiras, Manchester City, Arsenal e seleção brasileira
- Títulos: Olimpíadas (2016), Copa América (2019), Copa do Brasil (2015), Campeonato Brasileiro (2016), Campeonato Inglês (2017/18, 2018/19, 2020/21 e 2021/22), Copa da Liga Inglesa (2017/18, 2018/19, 2019/20 e 2020/21), Supercopa da Inglaterra (2018 e 2019) e Copa da Inglaterra (2018/19)
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Gabriel Jesus em entrevista ao Abre Aspas, do ge — Foto: Felipe Gonçalves
Você está liberado para voltar a jogar pelo Arsenal após dez meses. Como está se sentindo?
– Estou bem. Foi uma lesão muito longa, eu nunca tinha ficado tanto tempo sem jogar futebol na minha vida. Foi difícil, mas não foi tanto porque tive outros focos na minha vida pessoal, desfoquei um pouquinho do futebol, e isso me ajudou. Mas agora é 100% focado novamente para poder voltar bem.
O que foi mais difícil para você nesse processo?
– Acho que no começo não tinha noção do que era, no momento que machuquei, até porque foi um lance bobo e continuei jogando por 10, 15 minutos machucado. Como você ia imaginar? Acabei lesionando todo o meu joelho e continuei jogando. Não aguentei mais depois de 15 minutos. No momento, eu achava que era só uma coisinha, que em um mês, dois no máximo [resolveria]. Quando eu recebi a notícia foi quando caiu a minha ficha. Depois parei e pensei: “quer saber, eu tenho muitas coisas para focar na minha vida pessoal, para ajustar, passar mais tempo com a minha família, com a minha esposa, com a minha filha”. Hoje, meu filho tem quatro meses, minha esposa estava grávida [quando machuquei]. Eu pude aproveitar muitas coisas que não pude quando minha filha nasceu.
Muitas pessoas às vezes só olham o carro importado, a casa bonita, mas não percebem as renúncias, como perder datas festivas e momentos com a família.
– Eu não julgo muito, por isso que fico quieto. Não gosto muito de expor minha vida pessoal. Fico mais na minha, porque a minha opinião é muito simples. Se for financeiramente, não tem o que falar, mas também muitas coisas a gente acaba perdendo. A minha filha eu vi nascer. Eu e minha esposa, a gente provocou para vir rápido. E aí eu assisto o parto, a gente volta para Manchester, no dia seguinte já viajo para a Seleção e fico dez dias. Do meu filho não, eu participei dos sete meses até hoje, dia a dia. Eu consegui ver muita coisa que tinha perdido da minha filha, conviver um pouquinho mais nessa fase, que é muito boa.
– São coisas que acontecem nas nossas vidas, e não é a única profissão. Tem muitas profissões que acabam perdendo muitas datas. Algumas você pode ajustar, o futebol acaba que não. Mas eu não tenho muito o que reclamar. Fiquei muito chateado com a lesão, mas na minha vida pessoal, que é muito importante, fui muito feliz.
Do que você mais sente falta: de comer ou beber algo que prejudique seu físico ou de poder frequentar lugares como anônimo?
– Um Neymar, por exemplo, não consegue andar na rua. Eu já vou porque é bem diferente. O Neymar acho que sente muito mais, os jogadores no nível dele. Eu não, vou para rua, shopping, parque com a minha família, de bicicleta, vou de boa. Lá no começo foi o que mais senti, porque eu gostava bastante de ficar no Jardim Peri. Eu gostava bastante de ficar na rua com os meus amigos, conversando, jogando bola ou fazendo alguma coisa. E eu já estava no profissional, em 2015, 2016. E aí eu ficava até meia-noite, uma hora da manhã, e foi quando comecei a ver que não dava mais.
Essa experiência em uma metrópole como Londres fez você abrir a cabeça para muitas coisas, inclusive sobre o Brasil?
– Desde que eu cheguei à Inglaterra, passei a admirar mais o nosso país, em questão de cultura, de harmonia, de tempo, de muitos fatores. Em questão dessa segurança, de você ir a um parque, de ter um parque. Eu venho de comunidade no Brasil. Lá não tem parque. Possivelmente nos lugares “bons” também não tem parque no Brasil.
– Essas coisas eu sinto muita diferença. Aqui é mais fácil, a cinco minutos da tua casa tem um parque para ir com a família, tem diversas coisas para você fazer. Desde que cheguei aqui, essa é a reflexão que eu faço: eu admiro muito o nosso país, com todos os recursos que a gente, o nosso tempo, sol, a felicidade que o nosso povo é, nossa comida, nossa recepção com os de fora. Aqui é um pouco mais frio, pelo país ser mais frio. Só que em questão de estrutura, acho que aqui está um pouco à frente do Brasil.

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E talvez você passe a dar valor a coisas que para o brasileiro são muito naturais, como um dia de sol no inverno…
– Aqui não tem. Mas por outro lado, eu aprendi na minha vida que, independentemente de onde você estiver, tem que ser grato e aproveitar da melhor maneira. Eu não deixo de fazer as coisas porque uma pessoa vai pedir uma foto. Se tiver pessoas pedindo foto, eu vou tirar de boa. Sempre fui assim.
Você pega bike aqui e dá uma volta?
– É, eu tenho uma bike em casa, desde Manchester. Outro dia a gente foi num parque, eu e minha esposa, a gente pegou essas bikes que ficam na rua e foi andar no centro. Acabou que eu não conseguia finalizar a bike em que eu estava, não sei o que deu. A gente teve que ir lá no meio do centro para deixar a bike em um lugar específico, e eu não conseguia achar. A gente deixou lá, mandou foto e consegui parar a corrida, e voltamos de Uber para casa.
Mas nunca te reconheceram?
– Uma vez ou outra, sim. Tipo, fui estacionar e o cara está estacionando. Mas Uber aqui eu vou jantar no centro, eu e minha esposa. Tem reunião no centro, eu e minha esposa vamos. Às vezes eu vou treinar também de transporte por aplicativo. É normal isso. Mas, no Brasil, é meio difícil fazer.
Se pega um motorista que é torcedor do Tottenham, ele não fala nada?
– Aqui não tem, não. Eles tiram a foto e dizem “vem para o Tottenham”. Não é tão igual no Brasil. Se pega um corintiano, é possível que me xingue. Não todos, obviamente. Tenho muitos amigos, meu irmão é corintiano.
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Gabriel Jesus, atacante do Arsenal, em entrevista ao Abre Aspas — Foto: Bruno Cassucci
Voltando um pouco no tema da sua lesão, como você trabalhou a sua cabeça durante o processo de recuperação? Você tem só 28 anos, muita carreira pela frente…
– Isso me ajudou. Eu não sou muito jovem. Eu estava comentando com o Martinelli ou com algum dos meninos no Arsenal. Tem um menino de 15 anos, ele é de 2009, vai fazer 16 esse ano, treinando com a gente, indo para jogo, jogando. Eu sou 13 anos mais velho do que ele. O futebol mudou. Hoje já não é mais a geração nem de 2000 mais, é ali quase que 2010. Isso me ajudou bastante na questão de ter 28 anos. Porque na minha cabeça eu pensei: “sou novo ainda, eu recupero bem pela vida que levo e vou voltar bem”. Eu tenho a certeza e muita fé em Deus que vou voltar bem. Isso me ajuda bastante.
– No começo, o médico falou que seriam no mínimo 12 meses [de recuperação], e eu voltei a treinar com o time agora e nem completaram dez meses ainda. Graças a Deus foi tudo muito bom. Eu passei dois meses no Brasil para o nascimento do meu filho, que foi o tempo que eu iria sair para o campo, mas preferi esperar um pouquinho mais, trabalhar mais na academia para poder ficar do lado da minha esposa e ver meu filho. E a gente ter ele no Brasil foi muito bom, porque nossa filha nasceu aqui [na Inglaterra], foi um parto muito complicado. No Brasil não, foi tudo muito tranquilo. Não foi difícil mentalmente.
O seu retorno aos treinos, muito próximo dos jogos, acontece há sete, oito meses da convocação para a Copa do Mundo. É um sonho possível na sua visão?
– Eu acredito que sim, não só para mim, como para outros jogadores que não vêm sendo convocados. Porque se trata da Seleção Brasileira. Eu acredito, tenho fé que sempre vai ter uma chance. Claro que depende muito de como eu chegar perto da próxima convocação, por exemplo, ou até mesmo da Copa.

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Como você está vendo essa concorrência hoje?
– A concorrência sempre foi grande na Seleção, e na próxima Copa também vai ser, porque o Brasil é uma máquina de revelar jogadores. Só que, às vezes, é uma máquina de triturar. Eu acredito que tem muita vaga ainda.
A Copa está engasgada?
– Às vezes sim, às vezes não. Eu já parei muito para pensar sobre a Copa de 2018, por exemplo. Eu tinha 21 anos, cheguei com uma responsabilidade grande, até porque me fiz ter essa responsabilidade, performei muito bem nas Eliminatórias e nos amistosos. E é normal quando você veste, na minha opinião, a segunda camisa mais pesada do mundo, que é a 9 da seleção brasileira, do Ronaldo. É uma responsabilidade. Quando você não vai conforme a demanda, não faz um gol, isso pesa bastante. Talvez se eu tivesse feito um gol, muita coisa teria mudado. É isso que eu tenho em mente. Mas tenho em mente também que em 2018 foi muito além do gol. Eu já parei para refletir, assisti. Foi o que me confortou e me fez não acreditar em muitas pessoas da mídia, que são grandes.
Demorou para assistir de novo?
– Depois de um tempo, eu fiquei bastante pensativo, mal. Por um tempo, muitas coisas foram faladas ao meu respeito por diversos profissionais da mídia. Eu deixei me levar e acreditar. Depois eu falei: “quer saber, vou assistir aos jogos, vou ver o que aconteceu”. Eu vi também uma entrevista do Grafite que me ajudou bastante, que foi onde ele falou algo assim: “a gente fala, o 9 da Seleção tem que fazer gol, mas ele não errou gols”.
– Eu não tive chances. Poderia ter criado para mim? Poderia, porque acho que tenho essa qualidade. Mas eu não tive chances para as pessoas falarem tantas coisas que, querendo ou não, vocês sabem que, de certa forma, prejudicam um pouco o jogador. Se eu deixasse me levar por muitos comentários, possivelmente não estaria no Arsenal, não seria o jogador que sou hoje. Não pesa para mim 2018, muito pelo contrário, me fez amadurecer como pessoa e como profissional.
E 2022?
– Eu chego totalmente diferente, como um 12º jogador, importante, tanto que entrei nos dois primeiros e joguei o terceiro, que foi onde eu me machuquei. Em 2022 foi um pouco mais leve para mim, em comparação a 2018. Em 2018 foi pesado não ter feito gol, ser muito jovem, querer ganhar e não ganhar. Em 2022, queria ganhar e eu acabo machucando. Foi mais o peso da lesão, porque eu vivia um momento incrível no Arsenal, cheguei à Seleção treinando muito bem, só que o Richarlison estava jogando e fazendo gol. Eu estava para ajudar e acabo lesionando, infelizmente.
O que você viveu em 2018, guardadas as devidas proporções do 7×1, foi um pouco do que o Fred sentiu em 2014? Você chegou a conversar com ele em algum momento sobre isso?
– Gostaria de ter conversado com ele, não tive essa oportunidade. Porque, no meu ponto de vista, no futebol brasileiro, ele foi um dos que mais fez gols e que mais finalizou, mais teve ações de gol. Um 9 clássico para fazer gol. Ele era matador. E acabou que aconteceu com ele. Na nossa cultura, infelizmente, a gente sempre acha um vilão em alguma coisa. Não é só no futebol.
– No futebol, a proporção ganha muito mais peso, porque ele salva muitas vidas, a gente cresce assistindo. Minha primeira paixão foi o futebol. Assim como eu, a maior parte do Brasil é assim. É um peso. A pessoa trabalha a semana toda e para para assistir [o jogo] ou vai para o estádio. Eu entendo esse lado. Eu desejo que um dia isso mude. Isso não quer dizer que não tem que fazer críticas construtivas. Se eu deixasse me levar pelas críticas de muita gente, no Brasil e inclusive algumas pessoas da imprensa, teria pensado: “vou largar”. Acontece com outras pessoas também. Mas eu gostaria de ter conversado com o Fred, porque o que falaram dele em 2014 não concordo. Ele fez gol, foi bem. Só que aconteceu o que aconteceu. As coisas acontecem assim, infelizmente.

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Eu não tinha essa percepção de você saiu como vilão da Copa de 2018. A sua leitura foi essa?
– Eu acho que não saí como vilão. Aconteceram alguns fatos que eu não sairia como vilão porque eu acabei, no caso do Fred, por exemplo, que falaram que aconteceu no lance [da eliminação de 2022]. Eu olho o futebol diferente do que muitas pessoas olham. Eu entendo que o torcedor quer ver gol, o time jogar. Mas são muitas coisas até o gol acontecer e são muitas coisas até você tomar um gol. Na questão do Fred, em 2022, aconteceram muitas coisas até ele atacar e aconteceram muitas coisas até ele voltar. Ele poderia ter ficado? Poderia. Assim também como muita coisa poderia ter acontecido antes do gol. Eu olho o futebol dessa forma.
– Em 2018, poderia ter feito o gol? Poderia. Poderia ter voltado? Poderia. Poderia, assim como aconteceu no jogo, eu volto na ponta, acontece alguma coisa, a gente ataca. O Tite coloca o Firmino de 9 e eu venho para a ponta. Acontece alguma coisa, a gente ataca, cruza e ele empurra a bola para o gol. Poderia ter sido eu ali? Poderia. Mas eu vejo o futebol de outra forma. Graças a Deus, com os treinadores que tive, eu aprendi. Sou apaixonado por futebol, não acho que eu fui o vilão. Nunca achei que fui. Só que, para muita gente, eu nunca mais vestiria a camisa da Seleção por conta disso. Imagina, um jogador de 21 anos. Sendo que jogadores considerados melhores da história, se for ver o currículo em Copas do Mundo, também não é muito bom. Eu não me achei vilão, não me acho vilão. Acho que eu não merecia o que muita gente falou.
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Gabriel Jesus em entrevista ao Abre Aspas, do ge, na Inglaterra — Foto: Felipe Gonçalves
Ainda sobre Copa, aquele lance com você e o Kompany, em Brasil x Bélgica, foi pênalti?
– Pênalti claro. Até ele mesmo falou depois. Mas também não ia mudar nada o juiz ter falado que era para ter sido pênalti. Se fosse pênalti, o Neymar ia fazer o gol e ia mudar o jogo. Isso ,sim. Agora, depois de anos,falar…
Mas teve essa conversa entre vocês?
– Teve. Inclusive teve a resenha do De Bruyne chegar e falar: “vocês jogaram muito melhor do que a gente, mas a gente ganhou pela tática que o treinador nosso quis, que era atacar no contra-ataque pelas pontas, com o Lukaku e o Hazard, e eu no meio”. Muita gente não vê o futebol desse lado, é muito além do gol e muito além da derrota, da vitória.
Nenhum atacante conseguiu ainda se firmar como o 9 da Seleção nesse ciclo. Teve Endrick, Matheus Cunha, João Pedro… A que atribui isso?
– Em 2016, na minha primeira convocação, tive a oportunidade e fiz gol. Fiz desde aquele momento até a Copa, ganhei muita sequência. Eu fui o que mais jogou, acredito, naquela posição e fiz gols. Acho que não teve na história um jogador da Seleção Brasileira que fez gols todos os jogos, que jogou bem todos os jogos. Isso também faz muita diferença para o 9. Eu acredito que essa é a razão por não ter sequência, igual teve em 2018 comigo e em 2022 com o Richarlison. Agora para 2026 não teve uma sequência muito por conta disso, não teve alguém que performou e teve sequência.
– Também teve muita troca de treinador, com outra ideologia, outro pensamento. Não é só a questão do jogador. Tanto que o Endrick fez gols e depois parou de ir, parou de jogar. Que culpa ele tem? Jogou cinco jogos seguidos, não fez gol e aí outro vai ter oportunidade. Na Seleção é mais difícil dar sequência. Se outro jogador está despontando, vai ter mais sequência. Mas você vê também outras seleções no mundo que dão mais sequência para um ou outro jogador mesmo ele não indo bem. Isso faz muita diferença para essa posição. Agora, a felicidade é do Vitor Roque. Ele começou mais ou menos, se firmou com muita ajuda do Abel, que além de treinador é um ser humano incrível, e agora está colhendo os frutos.

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Quais outros atacantes brasileiros hoje você vê qualidade e admira?
– O Cunha vem jogando muito de número 10, não está jogando de centroavante. O Vitor Roque está despontando, jogando muito bem, com confiança. O Pedro, além de ter feito gol no meu Palmeiras, é muito bom. O Richarlison, que é meu rival aqui, também está tendo a oportunidade dele, e o João Pedro, que fez um Mundial muito bom com o Chelsea logo que chegou. Tem muita competição. O Igor Jesus, que chegou ao Nottingham, tem o Igor Thiago, que está no Brentford, que começou a temporada muito bem. Não teve a oportunidade por se tratar de Seleção, de estar próximo da Copa. Também depende muito do que o treinador gosta, da sequência que vai ter. Agora não tem muito tempo, porque são poucos jogos até a Copa.
Lembro que num determinado momento da carreira você falou que preferia jogar como 9, que queria que as pessoas te vissem como centroavante e disputar aquela posição. E aí passou um tempo você fala que também pode jogar aberto. Você tem uma posição de preferência?
– Eu acho que não devo ter uma posição de preferência, até porque tanto por dentro, quanto pela ponta, acredito que já performei muito bem. Não quero me rotular. Acredito que muda um pouco às vezes. No Palmeiras, no meu primeiro ano, só joguei de ponta. No City, tenho uns duzentos e poucos jogos. Acho que uns 60, 70, fiz de ponta. No Arsenal, tenho uns 80 jogos, acho que uns 20 joguei de ponta. No dia a dia, o treinador sabe que pode contar comigo nas duas, três, quatro posições da frente.
Após um jogo em 2023 você falou que o gol não era seu ponto forte e aquilo repercutiu bastante, de forma negativa. O que você quis dizer naquele momento?
– Eu quis dizer que, se for comparar meus números com os centroavantes típicos que jogam todo final de semana de centroavante, vai ser difícil. Obviamente que eu vou ter bem menos. Agora, se for comparar as minhas ações dentro do campo, aí eu acho que vai dar um a um. Não quis dizer que gol não é meu forte, até porque eu faço gols, fiz gols importantes. Eu quis dizer que não só tenho o gol. Às vezes, quando não fizer um gol, eu vou fazer outras ações que vão ser importantes para chegar ao gol.
– Nos meus seis primeiros meses no Arsenal, eu dominava a maior parte das ações ofensivas, sem a bola e com a bola. Acredito que meus números de gols e assistências são bons. Eu faço gols, só que eu também consigo criar jogadas. As pessoas tiram muitas coisas do contexto e entendem da forma que querem e falam o que querem. O que está no meu controle foi o que eu falei quando me perguntaram.
O seu maior ponto forte talvez seja essa capacidade de desempenhar diferentes funções no ataque, de jogar também sem a bola?
– Eu sou um atacante que sai bastante da área, até por conta da minha estatura. A lenda Romário, ele é baixo e fazia gol, só que é outro nível. Falando do meu nível, das minhas características, eu acredito que não sou um atacante que aguenta ficar 90 minutos dentro da área sem tocar na bola. Eu vim de ponta também, joguei a maior parte assim da minha juventude, e depois comecei a jogar mais para dentro. Acredito que minha maior valência é essa, flexibilidade, tanto de finalizar quanto de criar.
Gostaria que você contasse um pouquinho como que é o dia a dia, a relação com o Arteta, um discípulo do Guardiola.
– Ele trabalhou bastante [com o Guardiola], inclusive eu trabalhei com ele [quando era auxiliar]. Ele é um cara muito dedicado, vive intensamente, quer sempre estar ganhando, disposto a se sacrificar para ganhar. Eu acredito que ele está no caminho certo, a forma que ele faz, que monta, que planeja, e está colhendo os frutos de pouquinho em pouquinho. A gente não vê a hora de colher logo um campeonato a altura do projeto.
A pressão que se tem aqui na Inglaterra é muito diferente da que se tem no Brasil?
– Muito. Nem compara.
Em que sentido?
– Em todos os aspectos. Eu acredito que a gente tem a pressão na questão de ganhar por nós mesmos. Considero que sou muito competitivo em tudo que eu vou brincar, mas respeito quando perco. Às vezes, quando você perde um clássico ou algo do tipo, externamente é vida normal. Para a gente não, estamos chateados, mas é isso, o outro jogo a gente ganha. Mas, externo, você pode ir num parque, restaurante, shopping. Soa normal para outras profissões, num dia mau de serviço.
– Infelizmente, no Brasil, muitas vezes não pode. Se o time não está ganhando ou se perde um jogo, está fazendo o que no restaurante? Isso é a diferença que se tem na Europa. E eu digo nisso, até porque eu não vou falar outras coisas que, obviamente, prejudicam. Porque aí é festa, essas coisas de “o time perdeu, mas vou para festa”.Quando era mais novo e aconteceu já, não vou mentir, mas aqui é mais de boa, você perde um jogo e pode ir jantar com a sua esposa, com a sua família.
– Mas eu entendo. Fui torcedor antes de ser jogador. Tem coisas que não dá para relevar assim. Tem coisas que a gente concorda. Mas um jantar, sabe? Uma festa da minha filha, vamos supor. Eu organizei a festa da minha filha daqui três meses. Aí tem um clássico, ou tem um jogo de Eliminatórias dois dias antes. Eu tenho que cancelar a festa da minha filha? É diferente daqui.
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Gabriel Jesus está recuperado de lesão no joelho — Foto: Felipe Gonçalves
Quando algum amigo pergunta sobre o Guardiola, como você o descreve?
– Intenso. Ele é intenso.
Para o bem ou para o mal?
– Não, para o bem. Para o bem do futebol. Para falar a verdade, considerando o Guardiola como um pai, acredito que para a saúde dele não é tão bom. Até porque o que eu venho aprendendo é que nada em excesso faz bem. Ele é tão intenso que acaba passando do ponto, mas a maior qualidade dele é isso. Ele é intenso em tudo, por isso é um gênio no futebol.
De ser muito detalhista?
– Sim, claro. Tanto nos jogos quanto no dia a dia, no treino. O brasileiro normalmente chega aqui jovem e tem manias, é normal. Ainda mais eu, que vim da várzea. Eu controlava com a direita, de sola, porque também joguei um pouco de futsal. Ele parava, treinava, controlava. Aí você vai começando a pegar. Ele é nesse nível. E faz sentido. Hoje é automático.
Você falou da saúde dele, mas e a saúde dos comandados dele? Deve ser extenuante trabalhar com alguém tão perfeccionista…
– Mas é normal, é nível alto. É normal que um dia ou outro você vai se sentir mais cansado mentalmente ou até fisicamente. Mentalmente, às vezes você se sente cansado com demanda de treino, de vídeo, de informação. Ao mesmo tempo você colhe os frutos depois, no final da temporada. Você chega bem brigando e ganhando títulos.
Eu já vi uma entrevista sua falando da questão da sua vontade de participar do jogo, de ter a bola no pé e que aquele jogo posicional dele muitas vezes tirava isso. Foi difícil para você se adaptar?
– Na verdade, é entender o momento e a fase do jogo. Às vezes, não tem porquê eu baixar lá no pé do goleiro para pegar a bola. Às vezes, é melhor eu ficar mais na última linha. Agora, o que eu quero dizer quando eu falo que não quero ficar parado lá, é ficar 90 minutos parado. Ele nunca me pediu isso, de ficar 90 minutos, mas já me pediu para ficar mais, que a bola ia chegar. Quando não chegava por um certo tempo, aí eu saía e ele não reclamava, porque realmente é onde acho que consigo ajudar a criar uma jogada, a driblar alguém e passar, ser um pouco criativo.
Uma vez você contou de um episódio em que tinha treinado como titular e aí no dia do jogo o Guardiola botou um lateral improvisado de falso 9. E que você até chorou aquele dia, pensou em sair do clube… Mesmo assim, você fala do Pep com carinho.
– Sim, claro. Ele me ajudou bastante. Uma das minhas maiores virtudes é a gratidão. Eu tenho muita gratidão por ele, me ajudou bastante. Ele que pediu, me ligou antes de eu decidir, me levou para lá, me ajudou a evoluir em alguns aspectos. Acredito que fui muito bem no City, a minha saída não foi por problemas com o Guardiola ou com o clube, foi porque eu mesmo senti vontade. Tanto que, quando eu encontro ele, abraço, ele beija meu rosto, a gente fica conversando. Raramente conversa sobre futebol, é mais sobre família. Você vê que é um cara que tem um carinho por você, e é recíproco. Eu tenho muito carinho por ele e torço por ele muito. Só não quando jogar contra a gente, óbvio.
O Tite é outro cara que você guarda carinho?
– Sim, também. Eu guardo muito carinho pelo Tite. Minha primeira convocação foi com ele, o ciclo dele. Guardo bastante carinho.
Você trabalhou com caras muito grandes no futebol, né? E eu não quero aqui que você fale quem é melhor, mas aquele que mais te ajudou e te desenvolveu.
– No começo, no Palmeiras, o Cuca. O Alberto Valentim era interino e o Cuca estava já assinado. Aí, no clássico contra o São Paulo, eu estava vindo como titular e ele me deixou no banco. Na semana, conversa de treinador normal, e, no jogo seguinte, da Libertadores, fui bem. Ele dá uma entrevista depois, falando “não tem como deixar ele no banco”. Depois daquela semana, ele já tinha me falado: “segue bem, você vai ter minha confiança e vai estar na Seleção ainda”. E eu, 2015, com 18 anos. A Seleção era um sonho. Foi um cara que acreditou bastante e comecei a performar muito bem com ele.
– Depois eu vim para o City, com o Guardiola, na Seleção com o Tite. E agora no Arsenal também. Infelizmente, nesses dois últimos anos tive alguns problemas de lesão. Mas acho que os seis primeiros meses no Arsenal, por exemplo, foram muito bons, e o treinador me ajudou bastante na questão de confiança. Todos foram muito importantes para os meus melhores momentos.
Recentemente, o Casemiro aconselhou os jogadores a não usarem social durante a Copa do Mundo. Como é sua relação com as redes? Elas já te fizeram mal?
– Hoje eu vejo quase zero e uso bem pouco. Acho que quem me segue vê. Eu uso mais por respeito, carinho e gratidão por quem me segue e quer realmente saber como eu estou. Pouco eu ponho sobre minha vida pessoal. Às vezes, eu compartilho algumas coisas com a minha esposa, com os meus filhos, meus treinos. Mas bem menos do que era um dia.
– Eu acho que eles estão certos. A Copa do Mundo é o maior evento que acontece no futebol. Tive um episódio em 2018, em que minha família estava lá e meus amigos acabaram, por falta de informação no treino fechado, postando um vídeo de uma finalização. E aí foi onde alguns veículos da mídia colocaram: “amigos do Gabriel Jesus espionaram o treino e meio que caguetaram a escalação”. Isso ganhou uma proporção muito maior do que deveria.
E no pouco que você posta tem muito conteúdo dos seus filhos. Nessa entrevista você já mencionou eles em alguns momentos. O quanto a paternidade impactou na sua vida?
– Eu acho que o que mudou muito foi a minha conexão com Deus. Depois de ser pai, de casar, comecei a me interessar mais, e também com muita ajuda da minha esposa, Raiane. Muitas coisas melhoraram na minha vida. Hoje estou prestes me batizar. O impacto que nossos filhos tiveram na nossa vida foi muito grande também. Eu sou muito grato a Deus pela minha esposa e, consequentemente, pelos meus filhos.
Você fala de coisas que melhoraram na sua vida e até saíram da sua vida? Coisas que estavam aí dentro?
– Eu tinha mágoa do meu pai, porque não vivi com ele. Meu pai foi embora de casa por alguns motivos que não vem ao caso. Eu estava na barriga da minha mãe. Ele volta para casa para visitar a gente, eu tinha 11 anos. Duas vezes e, no meu ponto de vista, naquele tempo, ele fez pouco caso de mim. Eu peguei uma mágoa muito maior, de falar coisas que me arrependo. Ele faleceu em 2013, se eu não me engano. Alguém perguntava: “e seu pai?”. Eu falava coisas que me arrependo, “eu não tenho pai, meu pai morreu”.
– Eu carregava isso muito comigo. Alguém falar do meu pai e eu já fechar os olhos. E foi onde minha esposa me explicou bastante sobre o perdão, segundo a Bíblia, segundo Deus, Jesus. Comecei a entender e liberei o perdão para ele. Isso foi uma das coisas que mudou completamente. Hoje, se alguém que não me conhece fala do meu pai, digo “meu pai faleceu, mas que Deus o tenha.” Eu mudei até a forma de falar sobre ele, independente se eu concordo ou não do que ele fez ou viveu.
– No Brasil é clichê, infelizmente, essa história do pai que sai de casa, deixa filho com a mãe guerreira que cuida de três, quatro, cinco. Minha história é clichê. Isso é uma das coisas. Me ajudou muito liberar perdão.
Você falou que não é mais jovem, mas ainda tem 28 anos. Pensa em esticar a carreira ou tem desejo de logo parar?
– Tudo depende de como eu me cuidar. Eu convivi com o Zé Roberto, ele jogou até 43, 44, se não me engano. Eu vi de perto o que era. O Zé é muito abençoado. Só que ele fazia por merecer. Ele treinava, chegava duas horas antes. Naquela época, para mim, era novidade. Hoje é normal, porque aqui fazem isso. Eu entendo por que ele chegava duas horas antes do time no treino lá no Palmeiras e a gente chegava 15 minutos antes de começar. Hoje mudou, o futebol mudou. Depende muito de como vão ser esses próximos anos meus. Mas eu tenho um desejo de jogar bola. Minha paixão é jogar bola. A gente vai indo, eu vou me cuidar para prolongar minha carreira.

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E que volta pro Palmeiras, isso é certo?
– Cara, eu não posso falar que isso é certo. O meu desejo é esse. E o desejo do Palmeiras acredito que também. Então, vai acontecer. Quando, eu não sei. Só Deus sabe.
Tem essa conversa de vez em quando, quando você vai ao Palmeiras visitar o pessoal?
– Como eu disse, o carinho é mútuo. Eu tenho muita gratidão, o Palmeiras também mostra ter muita gratidão por mim. O carinho é incrível dos dois lados. Muitos profissionais que lá ainda estão, desde que eu saí, eu vou lá, abraço, converso. Eu acredito que, quando vou lá, a maioria das pessoas fala: “tem que voltar”. Acelera um pouco o coração, e a gente controla.
Você acha que daria para jogar em outro time do Brasil?
– A minha prioridade é 100% o Palmeiras. Eu já falei que voltaria para o Brasil um dia e jogaria no Palmeiras. Essa é a minha vontade e é a única coisa em que eu me vejo: jogando no Palmeiras no Brasil.
Mas você ainda tem muitos sonhos como jogador e também na vida pessoal?
– Na vida pessoal, um sonho recente é me batizar. Hoje eu estou prestes a realizar. Como jogador, eu tenho o sonho da Copa. Eu tive o gosto, duas vezes, de estar na Copa. Na Europa, uma Champions. Também tive o gosto amargo de chegar em uma final e acabar não conquistando, uma semifinal e ser eliminado do jeito que foi, contra o Real Madrid. E o Palmeiras também. Conquistar uma Libertadores pelo Palmeiras, quem sabe o Mundial. Tem esses sonhos aí como profissional. São pequenos, hein? Tem que sonhar alto. Mas eu sou muito realizado na minha vida, sou muito grato. Tanto profissionalmente quanto ainda mais pessoalmente.
Como está a expectativa para a final da Libertadores entre Palmeiras e Flamengo?
– Como torcedor a gente tem três. Aí tem mais uma oportunidade agora de se tornar o maior brasileiro. Vamos ver, é uma briga grande. Minha torcida me dói um pouco, porque eu tenho alguns amigos no Flamengo. Inclusive, joguei com o Filipe Luís, com o Alexsandro, com o Danilo, com o Caio também. E com o Jorginho, que é parceiraço, estava aí comigo. Eu estava falando com ele isso ontem. Mas… Palmeiras, né? Minha torcida é exclusiva para o Palmeiras.
Um assunto que está sendo muito debatido no momento é a volta ou não do Neymar para a Seleção. Você mantém contato com ele? Acredita nessa volta por cima do Neymar?
– A gente estava em Mangaratiba, eu tenho casa do lado da dele. Eu estava treinando e ele me chamou para treinar. Vi o esforço que ele estava fazendo para poder voltar bem. O Neymar é a nossa referência técnica e de jogador nos últimos 15 anos. É um cara que a gente tem que ter um cuidado quando for falar e um olhar diferente.
– Ele mais do que comprovou a importância que tem para o futebol brasileiro. A gente não consegue imaginar o Brasil hoje sem o Neymar numa Copa. O que eu acredito é que ele vai estar na Copa, ele tem que estar na Copa e vai mostrar para todo mundo, primeiro para ele mesmo, que ele vai estar bem na Copa. Acho que o primeiro objetivo dele é esse. Eu tenho total certeza de que ele vai estar bem, que vai para a Copa e vai mostrar a qualidade dele novamente.
E você, se vê na Copa?
– Cara, é muito diferente. A gente está falando do Neymar, que é um cara extra classe, um gênio da bola. O melhor jogador que eu joguei, disparado. Mas eu acredito que tem possibilidade. Onde tem uma luz no final do túnel, eu acredito. Minha fé é muito grande, é inabalável. Eu acredito, e também não é só acreditar e ficar no sofá. Eu vou fazer por merecer. Eu acredito que vou voltar bem, e as chances que tiver até a Copa, vou agarrar. Acho que, agarrando as chances, vou ter possibilidades.
Fonte: Ge

