Cotidiano

MP investiga pagamentos da Prefeitura de SP a cantor primo de secretário

Por Giba BergamimJoão de Mari, TV Globo e g1 SP

Davi Goulart (à esquerda) é primo do secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e Trabalho de SP, Rodrigo Goulart. — Foto: Reprodução/Divulgação

Davi Goulart (à esquerda) é primo do secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e Trabalho de SP, Rodrigo Goulart. — Foto: Reprodução/Divulgação

O Ministério Público de São Paulo abriu um inquérito para investigar os pagamentos feitos pela prefeitura da capital ao cantor Davi Goulart, primo do secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e Trabalho, Rodrigo Goulart (PSD).

Em nota, a Prefeitura de São Paulo disse que uma apuração internada foi aberta nesta terça-feira (14) pela Controladoria Geral do Município para verificar se houve falha no processo adotado para a contratação

Uma reportagem do jornal O Globo revelou que o artista já recebeu cerca de R$ 880 mil desde junho de 2023 para se apresentar em quermesses e eventos de bairro.

Segundo documentos públicos, cada show custou R$ 50 mil aos cofres municipais — valor bem acima do teto de R$ 7 mil previsto na tabela de referência da Secretaria Municipal de Cultura para apresentações musicais.

O cachê mais alto é permitido em casos excepcionais, quando se trata de artistas “consagrados pelo público ou pela crítica especializada”. Essa condição precisa ser comprovada com documentos.

Veja os vídeos que estão em alta no g1

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Nos materiais de divulgação de eventos, no entanto, o nome do cantor não aparecia em destaque nem sequer era citado.

 

Apesar disso, a prefeitura justificou a contratação direta sem licitação afirmando que Davi Goulart é um artista reconhecido. Entre os argumentos, está a participação dele em um álbum experimental com a música “Taça de Vinho”, elogiada em um vídeo, publicado no YouTube em 2015, pelo jogador Neymar Jr.

Hoje, Davi Goulart tem uma média de sete ouvintes mensais no Spotify, uma das principais plataformas de streaming de música.

Durante agenda pública nesta terça-feira (14), o prefeito Ricardo Nunes (MDB) afirmou que, até o momento, não há indícios de irregularidades, mas determinou uma nova análise dos contratos.

“Não é porque é primo dele que tenha impedimento dele trabalhar. A Secretaria de Cultura me passou que todos os procedimentos foram adotados e não existe irregularidade. Mas, obviamente, tendo em vista a matéria, eu pedi para se fazer uma nova apuração. E se alguém errou, se houve alguma falha, as pessoas serão responsabilizadas”, disse o prefeito.

Produtora Fino Tom

 

O cantor é representado pela produtora Fino Tom, que tem sede na Zona Leste da cidade. A empresa também gerencia outros artistas contratados pelo poder público e já recebeu mais de R$ 1,4 milhão por meio de emendas do vereador licenciado Rodrigo Goulart.

A equipe de reportagem identificou que, no show do último domingo (13), em uma paróquia na Zona Sul, o contrato com os detalhes da proposta aparece no portal da prefeitura como “documento restrito”, sem exibição do conteúdo.

Nas redes sociais, o artista costuma publicar vídeos das apresentações. Em um deles, publicado em julho, ele agradeceu a produtora Fino Tom, o primo Rodrigo e a Prefeitura de São Paulo pelo “apoio”.

A Promotoria vai apurar se houve favorecimento ou violação da legislação de contratação pública.

A produtora Fino Tom, responsável pela carreira do cantor Davi Goulart, afirmou que atua “seguindo todos os requisitos legais e com a transparência que uma atuação junto ao poder público exige”.

Nem o cantor nem Rodrigo responderam aos questionamentos feitos pela TV Globo sobre os contratos com a Prefeitura de São Paulo.

Em nota, a Secretaria Municipal de Cultura afirmou que a consagração do artista junto à opinião pública foi devidamente comprovada no processo de contratação. Segundo a pasta, também foi demonstrado que o cantor já recebeu valores semelhantes em apresentações anteriores, sem qualquer vínculo com o município.

Fonte: G1

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