Violência racial e contra população LGBTQ+ é maior na região central e na Zona Oeste, mostra Mapa da Desigualdade de SP
Violência racial e contra população LGBTQ+ é maior na região central e na Zona Oeste, mostra Mapa da Desigualdade de SP
Levantamento avalia a violência por distritos. Dados consideram o local da ocorrência do crime, podendo incluir pessoas em trânsito. Altos índices de violência contra estes públicos em distritos como República e Consolação indicam que vítimas estão mais expostas em áreas de grande circulação e vida noturna.
Por Deslange Paiva, g1 SP — São Paulo
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2025/S/K/KjiUbqRLeTZXmVbZ2ksw/tn220250622063.jpg)
Parada LGBT+ em São Paulo — Foto: LECO VIANA/THENEWS2/ESTADÃO CONTEÚDO
Registros de violência racial e contra a população LGBTQ+ são maiores no Centro e na Zona Oeste de São Paulo, de acordo com dados do Mapa da Desigualdade 2024, divulgado na quinta-feira (26) pela Rede Nossa São Paulo.
O levantamento, realizado anualmente, reúne dados de registros de violência de acordo com o local da ocorrência e atribui uma pontuação para cada distrito: quanto maior o número, maior o percentual de violência, considerando a população da área.
Os dados levam em conta o local da ocorrência do crime, e não o endereço da vítima, podendo incluir pessoas em trânsito.
No caso da violência contra a população LGBTQ+, o levantamento considera o coeficiente de pessoas vítimas de violência homofóbica e transfóbica a cada cem mil habitantes. Confira os distritos com maior coeficiente:
- Sé – 89,59
- República – 72,23
- Bela Vista – 52,16
- Consolação – 46,63
- Barra Funda – 31,46
- Pari – 28,85
- Santa Cecília – 25,87
- Alto de Pinheiros – 23,98
Já no caso de violência de racismo e injúria racial, eis o coeficiente de vítimas para cada dez mil habitantes, nos distritos com maiores índices:
- Barra Funda: 18,36
- República: 10,49
- Pari: 10,42
- Brás: 6,61
- Bela Vista: 5,18
- Consolação: 5,06
- Santa Cecília: 4,74
- Itaim Bibi: 4,01
Já os distritos com menos registros de violência contra a população LGBTQ+ são: Socorro, Marsilac, Pedreira, Cachoeirinha, Vila Guilherme, Parelheiros, Iguatemi e São Rafael.
No caso da violência racial, os distritos com menores índices são: Campo Limpo, Butantã, Ipiranga, Cidade Ademar, Itaim Paulista, São Miguel, São Rafael e Anhanguera.
Por outro lado, os altos índices de violência contra os dois públicos em distritos como República, Bela Vista, Consolação e Santa Cecília indicam maior exposição das vítimas em áreas de grande circulação, eventos e vida noturna.
“Casos de subnotificação sempre podem acontecer — não temos como afirmar com certeza em quais regiões. Mas trabalhamos com o entendimento de que tanto a violência contra pessoas LGBTQ+ quanto a violência racial tendem a ocorrer não necessariamente nos lugares onde as vítimas moram, mas sim no Centro expandido, que é onde existe, de alguma forma, um encontro. O Centro historicamente acolhe a população LGBTQ+, tem mais eventos, mais vida noturna, as pessoas circulam mais — e isso acaba gerando mais casos de violência”, afirma Igor Pantoja, coordenador de relações institucionais da Rede Nossa São Paulo e do Instituto Cidades Sustentáveis.
“No caso da violência racial, acontece algo semelhante. As pessoas negras, que geralmente moram fora do Centro expandido, se deslocam diariamente para trabalhar, estudar e realizar outras atividades. E é justamente nessa região, onde há menor presença da população negra, que ocorrem os conflitos e situações de violência de forma mais direta”, completa.
O levantamento
O estudo apresenta 45 indicadores nos 96 distritos da cidade. A classificação considera áreas como saúde, educação, moradia, transporte, segurança e renda. Os dados foram gerados a partir de informações fornecidas pela Prefeitura de São Paulo.
A Rede Nossa São Paulo é uma organização da sociedade civil que faz parcerias com instituições públicas e privadas com a finalidade de criar uma agenda de metas em busca de trazer igualdade à cidade por meio de políticas mais inclusivas. A entidade foi criada em 2007.
- Os dados totais podem ser conferidos no site da entidade
Moema é o distrito com os melhores índices para se viver na cidade
Veja abaixo o ranking dos dez distritos mais bem colocados e suas pontuações:
Melhores pontuações
Ranking | Distritos | Pontuações |
1º) | Moema | 75,68 |
2º) | Butantã | 74 |
3º) | Vila Mariana | 71,91 |
4º) | Itaim Bibi | 71,16 |
5º) | Lapa | 70,95 |
6º) | Alto de Pinheiros | 70,92 |
7º) | Perdizes | 70,77 |
8º) | Pinheiros | 70,75 |
9º) | Consolação | 70,16 |
10º) | Morumbi | 69,48 |
Confira os dez distritos com piores desempenhos e suas pontuações:
Piores pontuações
Ranking | Distritos | Pontuações |
87º) | Grajaú | 55,8 |
88º) | Jardim Ângela | 55,75 |
89º) | Itaquera | 55,52 |
90º) | Pedreira | 55,52 |
91º) | Vila Curuçá | 55,3 |
92º) | Cidade Ademar | 54,91 |
93º) | Vila Medeiros | 53,55 |
94º) | Capão Redondo | 53,5 |
95º) | Tremembé | 50,16 |
96º) | Brasilândia | 49,39 |

Mapa da Desigualdade de São Paulo: quem mora na periferia vive 24 anos a menos do que morador de bairro nobre

“Desigualdade gera desarmonia na sociedade”, diz coordenador da Rede Nossa SP
Fonte: G1