Ministério autoriza SP a implantar mais 4 trechos de faixas azuis exclusivas para motos em 11 avenidas


Faixa azul exclusiva para motos na Av. 23 de Maio, instalada em janeiro de 2022 — Foto: Celso Tavares/g1

Faixa azul exclusiva para motos na Av. 23 de Maio, instalada em janeiro de 2022 — Foto: Celso Tavares/g1

A cidade de São Paulo deve ganhar mais quatro faixas azuis exclusivas para motocicletas em 11 vias, totalizando 71 km. Atualmente, as avenidas 23 de Maio e Bandeirantes têm as faixas. Cerca de 1,3 milhão de motos circulam na capital.

A portaria vai ser assinada nesta quinta-feira (28) em evento com o ministro dos Transportes, Renan Filho, e o prefeito, Ricardo Nunes (MDB). A partir da publicação da portaria, que deve ocorrer na próxima semana, a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) já pode implementar as faixas.

A autorização dada pelo ministério anteriormente para outros quatro trechos também será renovada.

Quando o projeto piloto da faixa azul, implantado em janeiro de 2022 na Avenida 23 de Maio, completou um anoa prefeitura divulgou que não houve nenhum acidente com morte na faixa. Depois, a administração informou que também não registrou mortes na Avenida dos Bandeirantes.

Cidade de SP terá mais 71 km de faixas azuis em 2024

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A autorização já tinha sido dada em agosto do ano passado. A prefeitura tinha um ano para ampliar o trecho da Avenida dos Bandeirantes e implementar as faixas das avenidas Santos Dumont, Tiradentes, Prestes Maia e Ruben Berta, mas perdeu o prazo dado e não viabilizou a implementação.

A divulgação da falha à imprensa gerou retaliações dentro da Companhia. O engenheiro Luiz Fernando Romano Devico, responsável pelo desenvolvimento da faixa azul na cidade, foi demitido por conta do vazamento da informação. O presidente da CET também foi trocado.

Veja as avenidas que vão receber autorização para faixas azuis nesta quinta:

  • Trecho 1: Avenidas Sumaré/Avenida Paulo VI e Avenida das Nações Unidas sentido Castelo Branco, entre Rua Prof. Campos de Oliveira e a Avenida Pe. José Maria e sentido Interlagos entre a Avenida Mario Lopes Leão e rua Prof. Campos de Oliveira;
  • Trecho 2: Avenida Brigadeiro Faria Lima, Avenida Zaki Narchi e Avenida Luiz Dumont Villares
  • Trecho 3: Avenida Miguel Yunes
  • Trecho 4: Avenida Jacu Pêssego, Avenida Nova Trabalhadores, Avenida Vice-presidente José de Alencar Gomes da Silva e Avenida do Estado.

A escolha pelos novos trechos foi feita pela prefeitura.

Veja os trechos que já têm autorização:

  • Avenida 23 de Maio, no trecho entre Praça da Bandeira e o Complexo Viário João Jorge Saad, sentido Santana/Aeroporto, com extensão aproximada de 6 km;
  • Avenida Santos Dumont, Avenida Tiradentes e Avenida Prestes Maia, entre a ponte das Bandeiras e a praça da Bandeira, com extensão aproximada de quatro quilômetros;
  • Avenida Rubem Berta, entre o complexo viário João Jorge Saad e a Avenida dos Bandeirantes, com extensão de dois quilômetros;
  • Avenida dos Bandeirantes, em ambos os sentidos, entre a via Marginal do rio Pinheiros e o viaduto Ministro Aliomar Baleeiro, com extensão de 8,5 quilômetros.

Como ainda é um projeto experimental, a implementação das novas faixas exige o atendimento de uma série de condições pré-estabelecidas pela Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran):

  • as larguras das faixas devem ser de, no mínimo, 1,10 m entre eixos da sinalização horizontal para limite de velocidade de 50 km/h;
  • de 1,20 m para limite de velocidade de 60 km/h;
  • CET-SP deverá enviar trimestralmente à secretaria um relatório com as análises e conclusões do projeto Faixa Azul ao término do período experimental de um ano.

Os dados que a CET precisa repassar à Senatran:

  • a quantidade de acidentes envolvendo motocicletas, motonetas e ciclomotores (número de acidentes, feridos e mortes) a cada mês, por sentido de tráfego nos trechos relacionados, nos últimos 5 (cinco) anos, incluindo o período experimental, englobando toda a via, suas faixas de rolamento, vias expressas e marginais e áreas de entrelaçamento;
  • informação do Volume Diário Médio (VDM) classificado por categoria de veículo, por sentido de tráfego nos trechos relacionados, nos últimos 5 (cinco) anos, incluindo o período experimental;
  • levantamento da velocidade operacional de cada faixa dos trechos relacionados, antes e após a intervenção;
  • apresentar relatório detalhando o comportamento do tráfego em faixas com diferentes larguras.

O secretário de Trânsito do Ministério dos Transportes, Adrualdo Catão, reforça o caráter experimental das faixas e a importância de acompanhar a iniciativa para que, um dia, ela seja estendida a outras cidades. Os dados dos últimos cinco anos devem ser apresentados para se avaliar a eficácia da medida.

“A chamada faixa azul é o que a gente chama de uma sinalização experimental. Como ela não está prevista no Código de Trânsito, cabe à Senatran analisar os projetos das prefeituras. São elas que tomam a iniciativa e apresentam para a gente os projetos. Qual é a nossa posição com relação a isso? A gente quer encorajar os municípios, especialmente São Paulo, que é a campeã em número absoluto de mortes no trânsito”, diz.

“É um experimento para a gente analisar no futuro se isso pode ou não ser universalizado. Vamos incentivar as cidades a chegarem a soluções que possam diminuir mortes no trânsito, especialmente de motociclistas”, completa.

Balanço do primeiro ano

De acordo com a prefeitura, a análise do número total de acidentes envolvendo motos na Avenida 23 de Maio apontou também que houve a redução da gravidade nas ocorrências.

Em 12 meses, foram 98 acidentes de trânsito envolvendo motos no trecho de 5,5 km da Avenida 23 de Maio, sentido Aeroporto, que recebeu a nova sinalização.

Desse total, 44 ocorrências não tiveram pessoas feridas. Já os demais 54 acidentes causaram: 59 vítimas, sendo 51 com ferimentos leves e oito com ferimentos graves.

 Trânsito intenso na Avenida 23 de Maio em São Paulo (SP) — Foto: Renato S. Cerqueira/Futura Press/Estadão Conteúdo

Trânsito intenso na Avenida 23 de Maio em São Paulo (SP) — Foto: Renato S. Cerqueira/Futura Press/Estadão Conteúdo

A prefeitura informou que a análise da eficácia da faixa azul leva em conta: as características da via, os volumes de motocicletas circulando dentro e fora do espaço da faixa, a tipologia dos acidentes e o fato de as ocorrências terem gerado danos materiais ou pessoas feridas, a chamada taxa de severidade.

A taxa de severidade atribui pesos aos acidentes pela importância. O acidente com danos materiais, por exemplo, é o menos importante. Em oposição, aquele que resulta em morte é o mais importante. Além da gravidade, os pesos são relacionados ao volume de veículos e à extensão da via analisada. Quanto menor é a taxa de severidade, mais segura é a via.

Aplicando a metodologia às estatísticas do primeiro ano de funcionamento, entre 25 de janeiro de 2022 e 23 de janeiro de 2023, a taxa de severidade da faixa azul da Av. 23 de Maio ficou em 3,19 UPS/Milhão de Motos/Km (Unidade Padrão de Severidade por milhão de motos por quilômetro), informa a prefeitura.

Em relação à taxa de severidade das motos que circularam fora do espaço da faixa azul, a taxa é três vezes menor. Fora dela a taxa foi de 9,23 UPS/Milhão de Motos/Km.

Faixa Azul exclusiva para motos em SP — Foto: Aldieres Batista

Faixa Azul exclusiva para motos em SP — Foto: Aldieres Batista

Conforme a prefeitura, houve também a redução das médias de lentidão da Av. 23 de Maio, em 2022, em comparação com os índices do ano de 2019.

“A redução das médias de lentidão foi de aproximadamente 15%, mostrando que o novo espaço trouxe organização para o fluxo veicular.”

Fonte: G1

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