Passageiro é esfaqueado no peito após discussão no vagão do Metrô Liberdade em SP; polícia tenta identificar agressor, que fugiu
Homem não identificado golpeou jovem de 20 anos de idade com canivete ou faca na noite de sábado (24). Vítima foi ferida com gravidade quando desembarcava e acabou internada em hospital, onde passou por cirurgia. Santa Casa não informou o seu estado de saúde.
Fachada da estação Japão-Liberdade do Metrô em foto tirada em setembro de 2021 — Foto: Reprodução/Google Maps
Um passageiro de 20 anos de idade foi esfaqueado no tórax por um homem desconhecido, quando desembarcava, após discutir com ele dentro de um vagão do Metrô na Estação Japão-Liberdade, no Centro de São Paulo. Ele estaria armado com um canivete ou faca. O caso ocorreu na noite deste sábado (24) e até a última atualização desta reportagem não havia informações sobre o estado de saúde da vítima. Ela caiu na plataforma, ferida com gravidade, foi socorrida, e levada a um hospital, onde passou por cirurgia.
O agressor fugiu após o crime, que foi registrado como lesão corporal no 8º Distrito Policial (DP) – Brás, no Centro da capital. A investigação será feita pela Delegacia do Metropolitano (Delpom). A Polícia Civil tenta identificar e deter o homem, que continuou dentro do vagão e desceu na estação seguinte, São Joaquim. Para isso, está analisando imagens do circuito interno das câmeras de segurança do Metrô, que podem ter gravado algum suspeito.
Um amigo do jovem esfaqueado foi ouvido na delegacia, e contou que viu o momento em que o agressor havia encarado a vítima antes do crime, ainda na plataforma de embarque da Estação São Bento. Depois, falou que os três entraram no vagão, e o rapaz foi tirar satisfações com o desconhecido, mas não ouviu o que os dois disseram na discussão por causa do barulho dos demais passageiros.
‘Estou em choque’, diz testemunha
Postagem sobre o ocorrido nas redes sociais — Foto: Reprodução/Redes sociais
Uma jornalista de 28 anos, estava dentro do vagão, viu o crime e também foi ouvida pela polícia. Em entrevista ao g1, ela contou que quando o Metrô havia parado na Estação Japão-Liberdade para o desembarque dos passageiros, o agressor falou algo para um dos amigos e deu um tapa nas costas do jovem e o empurrou. A vítima teria também devolvido o empurrão.
“[O agressor] fez um sinal com o dedo indicador no olho e apontou para ele dizendo: ‘Estou de olho em você’. O jovem só olhou para trás meio assustado, balançou a cabeça e continuou conversando com o amigo. Depois, chegou a estação Liberdade. Ele falou mais alguma coisa para esses dois”, disse a mulher, que também chegou a postar o que viu nas redes sociais (veja foto acima).
E na sequência, segundo a polícia, o homem “tirou um canivete da mochila que ele carregava na frente e deu-lhe uma estocada no tórax”. Mas de acordo com a jornalista era uma faca.
“A porta estava se abrindo e a única coisa que a gente escutou foi o jovem falando: ‘Então, para de me encarar’. Esse cara falou mais alguma coisa e foi para cima. Deu um empurrão nas costas dele. Ele [o rapaz agredido] ficou assustado, olhou para trás e empurrou. O homem foi para cima dele e pegou essa faca e apunhalou o jovem”, contou a testemunha.
“Foi tudo tão rápido, ninguém entendeu nada. A gente só o escutou falando: ‘Eu fui esfaqueado? Eu fui esfaqueado!’. E ninguém entendeu, porque foi muito rápido. Ele ficou na plataforma, encostou na parede”, relatou a mulher, que depois continuou no vagão com o agressor, juntamente com outros passageiros atônitos. “A porta do Metrô fechou e esse homem simplesmente voltou para onde ele estava e olhou para a gente. Só que ele não olhou com a cara ruim, ele olhou como se não estivesse acontecendo nada, como se fosse uma coisa normal.”
A jornalista disse que chegou a tirar fotos do agressor, mas as apagou depois de encaminhá-las para um segurança do Metrô. O agente teria mostrado as imagens à vítima, que reconheceu o homem, mesmo ele tendo sido fotografado de costas.
O que diz o Metrô
Procurado pela reportagem comentar o assunto, o Metrô informou, também por nota, que os seus agentes de segurança socorreram à vítima e a encaminharam para atendimento médico “uma pessoa que foi ferida por um objeto cortante, após desentendimento com outro passageiro”. Ainda segundo a empresa, o “Metrô registrou Boletim de Ocorrência no 8º DP e vai colaborar com a investigação da polícia para identificação do autor”.
O que diz a SSP
De acordo com a assessoria de imprensa da Secretaria da Segurança Pública (SSP) de São Paulo, o jovem esfaqueado foi levado para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Vergueiro, na Zona Sul, e depois foi transferida para a Santa Casa de Misericórdia, na região central.
“A vítima foi encaminhada ao Hospital Santa Casa, onde passou por uma cirurgia”, informa trecho do comunicado da pasta da Segurança. Ainda segundo a secretaria, “as investigações prosseguirão pela Delegacia do Metropolitano (Delpom), que solicitou as imagens da estação para auxiliar na identificação do autor.”
O que diz a Santa Casa
Procurada para comentar o assunto, a Santa Casa informou, por meio de sua assessoria, que não poderia divulgar o estado de saúde do jovem esfaqueado.
“As informações dos nossos pacientes são fornecidas exclusivamente aos familiares e/ou responsáveis, em respeito ao sigilo médico, protegido pelo código de ética médica”, informa trecho do comunicado.
Violência no transporte metropolitano
Passageiros aguardam composição em plataforma da Linha 3-Vermelha do Metrô na Estação Sé, na Zona Central de São Paulo — Foto: Arquivo/Bruno Rocha/Fotoarena/Estadão Conteúdo
Outros 17 casos de violência envolvendo passageiros ocorreram em instalações do Metrô e da CPTM em 2022, de acordo com um levantamento da TV Globo. Os dados foram obtidos com vítimas, Secretaria da Segurança Pública, Polícia Militar (PM), Metrô e a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).
São duas ocorrências de vítimas baleadas no transporte metroviário e de outras sete esfaqueadas. Outros oito registros foram de roubos, incluindo um arrastão. As ocorrências aconteceram dentro de trens, plataformas ou dependências das estações.
No início do mês, o Metrô começou a fazer testes com detectores de metais em algumas estações para reforçar a segurança das linhas. A empresa afirmou que também planeja um convênio com a Polícia Militar para prevenir a ação de criminosos em suas dependências.
*Colaboraram: Ariane Brione, Larissa Calderari e Hermínio Bernardo, da TV Globo
Fonte: G1