Segundo debate ao governo do estado de São Paulo reúne cinco candidatos

Candidatos responderam a perguntas feitas por adversários e jornalistas do pool formado por TV Cultura, Folha de S.Paulo e UOL. Ao fim do programa, deputado bolsonarista agrediu verbalmente a jornalista Vera Magalhães.


Os candidatos ao governo de SP Fernando Haddad (PT) e Tarcísio de Freitas (Republicanos) durante debate organizado por TV Cultura, Folha e UOL — Foto: Reprodução

Os candidatos ao governo de SP Fernando Haddad (PT) e Tarcísio de Freitas (Republicanos) durante debate organizado por TV Cultura, Folha e UOL — Foto: Reprodução

Cinco candidatos ao governo do estado de São Paulo participaram na noite desta terça-feira (13) do segundo debate entre os postulantes à disputa estadual. O encontro foi realizado em pool pela TV Cultura, pelo jornal “Folha de S.Paulo” e pelo portal UOL, no Memorial da América Latina, na Zona Oeste da capital paulista.

Estiveram presentes os postulantes mais bem colocados nas pesquisas de intenção de voto: Fernando Haddad (PT), Tarcísio de Freitas (Republicanos), Rodrigo Garcia (PSDB), Vinicius Poit (Novo) e Elvis Cezar (PDT). A mediação foi feita pelos jornalistas Fabíola Cidral e Leão Serva.

De acordo com a pesquisa Datafolha mais recente, encomendada pela Globo e pelo jornal “Folha de S.Paulo” e divulgada em 1º de setembro, Haddad lidera a corrida com 35% das intenções de voto, Tarcísio vem a seguir, com 21%, Rodrigo tem 15%, Elvis, 1%, e Poit, também 1%.

O debate foi dividido em três blocos, com dois segmentos cada um:

  • Primeiro, terceiro e quinto segmentos: os candidatos respondem a perguntas de jornalistas;
  • Segundo e quarto segmentos: candidatos perguntam entre si;
  • Sexto bloco: considerações finais.

No início dos blocos, os candidatos responderam questionamentos de jornalistas e, depois, na segunda parte dos dois primeiros blocos, fizeram perguntas entre eles mesmos. Foram abordados, entre outros temas, segurança pública, racismo, meio ambiente, transporte, saúde, educação e infraestrutura.

Ao fim do debate, o deputado estadual bolsonarista Douglas Garcia (Republicanos) agrediu verbalmente a jornalista Vera Magalhães, da TV Cultura e do Estadão, repetindo a atitude e as palavras do presidente Jair Bolsonaro (PL) no debate da Band entre candidatos à Presidência. Com o celular em punho, Garcia se aproxima de Vera e diz que ela é “uma vergonha para o jornalismo” e a intimida.

A jornalista, em seu perfil no Twitter, afirmou que precisaria sair escoltada do Memorial, e que fará um Boletim de Ocorrência. “Esse tipo de postura vinda de um parlamentar é inaceitável, intolerável na democracia. Não será um truculento, nem dois, que irão me intimidar a continuar fazendo meu trabalho. O deputado tem o meu contrato, porque o requereu. Mente reiteradamente. Agride mulher. Não vai me calar”, afirmou, na rede social.

Propostas

O primeiro a falar foi Vinicius Poit que, ao ser questionado sobre o motivo de a polícia matar mais negros do que brancos, e quais projetos têm para reduzir o problema, citou sua candidata a vice, Doris Alves. “A minha vice-governadora, negra, mulher, com muito orgulho e que conhece tudo de segurança pública, muito mais de segurança cidadã. De ter aquela polícia que retoma a confiança das pessoas. Nós vamos fortalecer inclusive as guardas municipais que é de onde a Doris vem, a experiência que ela tem. Nós vamos integrar as polícias, Polícia Civil, Polícia Militar trabalhando mais perto, com mais dados e oferecendo apoio para a população não só com a polícia combatendo o crime, mas oferecendo também oportunidade.”

Elvis Cezar foi o segundo a ser abordado, e respondeu sobre meio ambiente e crise hídrica, dizendo que irá expandir obras de olho numa maior eficiência do serviço. “Fui presidente do Conselho de Desenvolvimento Metropolitano no auge da crise hídrica. E pude contestar e apoiar todas as medidas a efeito do novo sistema São Lourenço. Nós vamos expandir essas obras. E do mesmo modo, falar com as pessoas, para que nós possamos assim mitigar os vazamentos e ter eficiência maior na prestação de serviços hídricos em São Paulo. Recuperação de toda a mata ciliar e o projeto nascentes são fundamentais para o meio ambiente em São Paulo.”

O terceiro a falar foi o governador Rodrigo Garcia, que busca a reeleição. Ele respondeu sobre transporte público e investimentos no Metrô, citando as obras de sua gestão. “Transporte coletivo de grande proporção como o Metrô é fundamental numa megalópole como São Paulo. Nos últimos 20 anos, praticamente dobrou o número de quilômetros de Metrô. E nesse momento nós temos 35 quilômetros em obras. A Linha 6 do Metrô, que é a maior obra da América Latina, com 9.000 funcionários trabalhando, ligando a Brasilândia até o Centro da cidade, a Linha 2, que é a segunda grande obra, são 8 quilômetros de Metrô da Vila Prudente até a Penha, a Linha 15 vai da Anhaia Melo, na Zona Leste, a Linha 17, da [Avenida] Roberto Marinho, e a Linha 9, da Marginal Pinheiros sentido Zona Sul. É o maior conjunto de obras da história do Metrô de São Paulo feitos com recurso do estado. Nós não tivemos, infelizmente, ajuda do governo federal ao longo desses anos e foi o dinheiro do contribuinte paulista que dobrou o número de quilômetros do Metrô e que hoje faz 35 quilômetros de linhas.”

Os candidatos Vinícius Poit, Elvis Cezar, Rodrigo Garcia, Fernando Haddad e Tarcísio de Freitas durante debate organizado por TV Cultura, Folha e UOL — Foto: Reprodução

Os candidatos Vinícius Poit, Elvis Cezar, Rodrigo Garcia, Fernando Haddad e Tarcísio de Freitas durante debate organizado por TV Cultura, Folha e UOL — Foto: Reprodução

Na sequência foi a vez de Fernando Haddad, que foi questionado sobre qual seu plano para agilizar o atendimento na área da Saúde e defendeu a criação de Hospitais Dia. “O estado de São Paulo não se preparou para o pós-Covid. Prezados, nós temos hoje mais de 1 milhão de procedimentos aguardando o agendamento. A nossa missão é construir cinco hospitais gerais e 70 Hospitais Dia. O que é o Hospital Dia? Onde você faz a consulta, o exame e a cirurgia ambulatorial no mesmo lugar. Aqui em São Paulo nós entregamos 35 hospitais e, só para que você tenha uma ideia, a fila pediátrica caiu de 160 dias para 58 dias depois dos Hospitais Dia.”

Tarcísio de Freitas foi o último a falar na rodada, e foi questionado sobre suas propostas para melhorar a infraestrutura e a qualidade da educação. Ele defendeu o investimento em escolas de período integral. “Nós vamos investir muito na educação, recuperando a infraestrutura das escolas. Porque é preciso a gente ter boa infraestrutura e escolas conectadas pra que a gente possa recuperar os conteúdos perdidos na pandemia. Vamos investir nas escolas de tempo integral e para isso tem que ter infraestrutura. Nós temos que recuperar para que a escola não seja um presídio de aluno, mas sim um local de aprendizado. Vamos dar as ferramentas para os alunos começarem a crescer, a se desenvolver e abrir as portas do mercado de trabalho com o programa Jovem Aprendiz Paulista. Onde o aluno faz o ensino profissionalizante e já trabalha.”

Considerações finais

Na parte final do programa, cada candidato pôde fazer suas considerações finais.

Tarcísio de Freitas : “Eu quero dizer que o que me move é o senso de inconformismo. O mesmo senso que me moveu a concluir obras que estavam paradas, a acabar com os atoleiros da [Rodovia] 163, a entregar a Ferrovia Norte-Sul, a acabar com o sofrimento daquelas pessoas. (…) É um inconformismo que eu tenho hoje de ver a falta de saneamento na Vila Ayrosa, de ver como as pessoas sofrem na comunidade do Campo Grande lá em Campinas. De ver a situação do hospital de Itapetininga, do hospital Frei Galvão, lá em Guaratinguetá, do Hospital de Esperança. É imprudente, hospitais que estão esperando operando abaixo da sua capacidade. A gente precisa mesmo de um inconformismo de ver que o metrô não se expande a velocidade que a gente queria de ver uma obra como o Rodoanel paralisado. De ver que os alunos do ensino médio de São Paulo estão saindo sem perspectiva porque terminam o ensino médio sem proficiência em português e em matemática. Ao longo da minha vida me acostumei a tirar projetos do papel. Eu já fiz, vou fazer aqui. A gente precisa escolher lado, e eu quero estar do lado de quem enfrentou problemas e soube superar”.

Fernando Haddad: “O lema do estado de São Paulo é muito bonito. ‘Pelo Brasil, façam-se grandes coisas’. Foi exatamente isso que nós há um ano e meio tentamos fazer pelo Brasil e por São Paulo. Unir as forças democráticas. Criar uma chapa que representasse a redemocratização do país. A Constituição de 88, que vem sendo rasgada dia após dia pelo atual governo. Recuperar nossa autoestima, recuperar o nosso lugar no concerto das nações, recuperar a esperança de dias melhores. Nós estamos no meio de uma campanha em que nós estamos oferecendo propostas concretas pra você. Propostas que têm a ver com a nossa história, o estado de São Paulo, o país e a cidade de São Paulo. Os Hospitais Dia, o Bilhete Único metropolitano, o ensino médio revolucionário que, por meio dos institutos federais, não façam com que o jovem termine o ensino médio com proficiência de sétimo ano do ensino fundamental. Uma segurança para valer com policiais valorizados e que cheguem no andar de cima do crime organizado e façam o seu trabalho. Nós temos a melhor equipe, o melhor plano de governo”.

Rodrigo Garcia: “[Quero] dizer que hoje você pode acompanhar aqui as propostas dos candidatos e pôde exatamente aquilo que eu penso em relação a São Paulo. Eu estou trabalhando há muito tempo por São Paulo, dedicado a São Paulo. Tenho muito orgulho do nosso estado. Encho o peito para falar de São Paulo porque eu sei que não foi fácil a gente chegar até aqui. E agora nós temos que fazer uma escolha. Quem é que vai governar São Paulo nos próximos quatro anos. Por isso eu peço a sua atenção que está nos assistindo. A eleição de São Paulo, que é o governador que está aqui no dia a dia, resolvendo o problema da segurança, da saúde, da educação, é o governador que visita os municípios, visita os hospitais, que é o primeiro a chegar nas grandes ocorrências de São Paulo, portanto, é fundamental que São Paulo seja senhor do seu destino. Eu não estou aqui para representar palanque de candidato a presidente, representar partido. Eu estou aqui para representar você que tem aspirações de continuar subindo de vida, que precisa de um apoio do governo, mas eu quero proteger São Paulo dessa guerra também política, ideológica que não está levando nada a lugar nenhum. Mas não vou conseguir fazer isso sozinho, eu vou precisar do seu voto de confiança. Eu sou governador há cinco meses, já mostrei para São Paulo as minhas atitudes, sou um homem de fé, um cristão e preciso do seu apoio, do seu voto. E uma chance pra ser governador de São Paulo pelos próximos quatro anos”.

Elvis Cezar: “Eu quero aqui falar que, nos últimos 20 anos, eu combati o bom combate. Fui prefeito por quatro vezes o melhor do Brasil. E o problema de São Paulo está nas cidades, e eu sei como resolver isso. Eu peço uma oportunidade pra você para um projeto novo. Chega dos mesmos. Um projeto novo, com capacidade e experiência e que já provou que sabe fazer. Para a gente fazer movimento pela educação, a melhor educação do Brasil aqui em São Paulo, eliminar filas na saúde, nunca mais faltar remédios, eu quero fazer a maior geração de empregos do estado, apoiar a periferia, dar oportunidade para o jovem, para o empreendedor, para a empreendedora. Eu quero fazer um estado com segurança, que as pessoas possam andar com tranquilidade. Eu quero fazer São Paulo voltar a ser a locomotiva do Brasil”.

Vinicius Poit: “O único candidato a governador que não usa o seu dinheiro para fazer campanha, não usa o Fundão, não deve nada para político nenhum, não tem rabo preso, não tem padrinho, sou eu. É Poti e Doris. A dupla que chegou para mostrar que é diferente desde o começo, o senador Mellão que está aqui comigo. Obrigado, Mellão, por sempre estar comigo cara. Você é meu amigão nessa parceria, nessa jornada política, um conselheiro, um bom amigo e um herói que vai lutar por São Paulo no Senado. Gente, São Paulo precisa retomar prosperidade. Eu conheço as histórias de São Paulo da época que meu pai, que nasceu na roça, veio de Osvaldo Cruz de trem. Trabalhar, ralar, conseguiu vencer na vida, pagou imposto, tudo declaradinho. Não como a maioria dos políticos que estão aí”.

Fonte: G1

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