Polícia prende suspeita de matar amigo em SP, assumir a identidade dele e movimentar cerca de R$ 1 milhão
A maquiadora Maryana Rimes Paulo, de 49 anos, é investigada por matar Marcelo do Lago Limeira com doses excessivas de remédio ao cuidar dele após cirurgia. Corpo foi queimado com ajuda do amigo Ronaldo Bertolini, que está foragido.
Maryana Elisa Rimes Paulo, de 49 anos, acusada de matar o amigo Marcelo do Lago Limeira em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo. — Foto: Reprodução/TV Globo
A Polícia Civil prendeu nesta segunda-feira (29), em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, uma mulher suspeita de ter matado o amigo e assumir a identidade dele para ficar com os bens.
Segundo os investigadores, Maryana Elisa Rimes Paulo, de 49 anos, passou mais de um ano usando a identidade do amigo Marcelo do Lago Limeira, movimentando cerca de um R$ 1 milhão do patrimônio dele.
Cantora e maquiadora, Maryana é uma mulher trans e teria conhecido Marcelo em festas. O homem vivia sozinho e tinha começado o processo para também fazer a transição de gênero, porque também queria ser reconhecido como mulher. Marcelo recebia ajuda financeira de uma tia e tinha alguns imóveis alugados em nome dele.
Em maio do ano passado fez a primeira cirurgia no rosto e, depois do procedimento, Marcelo foi visto entrando em casa pela última vez. Ele estava com o rosto coberto porque tinha feito uma plástica.
Em seguida, Maryana passou a morar na casa, como se estivesse cuidando dele. A polícia descobriu, entretanto, que Maryana matou o amigo dentro da casa com doses excessivas de remédios e colocou em prática o plano de assumir a identidade e os bens dele.
Comparsa ajudou no crime
De acordo com a polícia, a acusada chamou o amigo Ronaldo Bertolini para ajudar a se livrar do corpo. Os dois alugaram uma chácara em Campo Limpo Paulista, no interior de São Paulo, e queimaram o corpo de Marcelo.
Segundo a polícia, para dar fim ao corpo de Marcelo, Maryana Elisa Rimes Paulo teve a ajuda do amigo Ronaldo Bertolini (à direita). — Foto: Reprodução/TV Globo
Depois, tentaram enterrar os ossos. Mas, no final, abandonaram o corpo na Estrada Edgar Máximo Zambotto, que liga a Grande São Paulo ao município de Jundiaí.
De volta ao ABC, Maryana assumiu o lugar de Marcelo, enganando funcionários do cartório.
A Polícia Civil apurou que Maryana passou a receber o dinheiro dos aluguéis das casas de Marcelo, a mesada que a tia dava a ele todo mês. Ela alugou a casa onde Marcelo morava e vendeu o carro dele com uma procuração falsa.
“O escrevente narra que uma pessoa do sexo feminino se apresentou no cartório com os documentos originais, todos do Marcelo. E quando questionado a respeito da divergência dos documentos masculinos e de uma pessoa feminina, a pessoa explicou que ela havia feito uma transição de gênero e não tinha mudado os documentos ainda. Mas que na verdade se tratava do próprio Marcelo”, explicou o delegado Cristiano Luiz Sacrini Ferreira.
Fim da farsa
A farsa só começou a ser descoberta em abril deste ano, quando Maryana tentou movimentar dinheiro da vítima e apresentou a mesma procuração no banco. A gerente, que conhecia Marcelo, suspeitou de algo errado e avisou a polícia.
Pelos cálculos dos investigadores, Maryana e Ronaldo movimentaram cerca de R$ 1 milhão da vítima. Mas ela não queria só o dinheiro do rapaz morto, segundo o delegado. Ainda de acordo com a polícia, a mulher não gostou de saber que Marcelo queria fazer cirurgia de transição de gênero e “ficaria mais bonita do que ela”.
“A Mariana se ressentia muito porque ela acredita que, após a cirurgia de transição de gênero, o Marcelo ficaria uma mulher mais atraente, mais bonita que ela própria”, declarou Cristiano Sacrini.
O que dizem as partes
Procurado pelo SP2, o advogado que defende Mariana Paulo disse que o inquérito ainda está na fase da investigação e que qualquer informação nesse momento pode atrapalhar o trabalho da polícia.
Ele também afirmou que, após concluídos todos os atos legais, a defesa vai se manifestar de forma mais completa.
O amigo de Mariana, Ronaldo Bertolini, é procurado pela polícia. Os dois devem responder a processo por homicídio qualificado, ocultação de cadáver, estelionato, falsidade ideológica e falsificação de documentos.
Fonte: G1