Operação da polícia investiga envolvimento de empresa de ônibus da Zona Leste de SP com facção criminosa
Polícia averigua movimentação de R$ 500 milhões de reais; na ação, foram cumpridos 62 mandados de busca e apreensão.
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Empresa de ônibus da Zona Leste da capital é investigada pela polícia
Uma operação da Polícia Civil de São Paulo contra uma empresa de ônibus da Zona Leste da capital paulista cumpriu nesta quinta-feira (2) 62 mandados de busca e apreensão para averiguar a movimentação de R$ 500 milhões de reais.
A empresa Up-Bus é investigada pelo Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (Denarc) pelo suposto envolvimento com uma facção criminosa.
A investigação apontou que a companhia, que opera linhas em São Miguel Paulista e Itaquera, tem 60 sócios. Seis deles são apontados pela polícia como integrantes da facção; um deles é Anselmo Bichelli Santa Fausta, conhecido como “Cara Preta”.
Anselmo foi assassinado em dezembro do ano passado na Zona Leste. A investigação começou quando policiais descobriram que ele tinha dupla identidade: em alguns documentos, usava o nome de Eduardo Camargo de Oliveira e, em outros, o nome verdadeiro.
A polícia acredita que as identidades foram usadas para “esquentar” dinheiro do tráfico de drogas. Segundo a investigação, Anselmo fazia apostas em casas lotéricas que variavam de R$ 200 mil a R$ 800 mil reais e, numa delas, recebeu parte de um prêmio de R$ 40 milhões, que ganhou com um sócio, um contador.
Segundo o delegado Fernando Santiago, a empresa faz “lavagem de capitais, inclusive com integração de valores com seus acionistas”. “Muitos deles, quando têm profissões declaradas, são profissões que não propiciam um regular aporte financeiro dentro dessa empresa.”
Na operação de hoje, quando a polícia chegou a um dos endereços no começo da manhã, o dono da casa via tudo pelas câmeras de segurança. Os policiais cumpriram 62 mandados de busca e apreensão.
Eles recolheram computadores, R$ 55 mil em dinheiro e documentos. Duas mulheres foram detidas. Elas aparecem como donas de um arsenal: um fuzil, uma submetralhadora, seis pistolas, dois revólveres e muita munição. Para a polícia, elas são parentes dos investigados e estão registradas como colecionadoras, atiradoras desportivas e caçadoras.
Os investigadores explicaram que este é um novo meio usado por criminosos para ter armas de forma legal. O caso é acompanhado há um ano pelos policiais.
A TV Globo entrou em contato com a empresa de ônibus Up-Bus, mas não obtiveram resposta até a última atualização desta reportagem. A SPtrans esclareceu que a Up-Bus é concessionária operadora do transporte público, depois de vencer uma licitação pública.
Fonte: G1