Motorista é baleado e morto pela GCM após invadir conjunto habitacional em obras na cidade de SP e atropelar advogado; veja vídeo

Cozinheiro que dirigia carro foi atingido por balas de borracha e tiro de arma de fogo na noite da terça (1º), segundo a Guarda Civil Metropolitana de São Paulo. Prefeitura diz que guardas atiraram em legítima defesa.

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Motorista é morto pela GCM após atropelar advogado em SP

Um motorista foi baleado e morto na noite de terça-feira (1º) pela Guarda Civil Metropolitana (GCM) depois de tentar invadir um conjunto habitacional que está sendo construído pela Prefeitura de São Paulo e atropelar um advogado que estava na entrada. O caso ocorreu por volta das 23h na Rua Major Paladino, na Vila Leopoldina, Zona Oeste da capital. Vídeo gravado por uma testemunha mostra a ação. As imagens circulam nas redes sociais (veja acima).

O condutor morto no local foi Silvano Carlos dos Santos, um cozinheiro de 37 anos. O homem atropelado, identificado apenas como um advogado de 58 anos, foi socorrido e levado ferido ao Hospital da Luz, com traumatismo craniano e cortes nas pernas. Ninguém foi preso.

A prefeitura divulgou nota para informar que os guardas agiram em legítima defesa. A Secretaria Municipal de Segurança Urbana, responsável pela GCM, informou que os agentes fizeram disparos de balas de borracha e deram um tiro de arma de fogo para impedir que o condutor colocasse em risco a vida deles e de outras pessoas.

Segundo a Guarda Civil Metropolitana, o homem tentou invadir um conjunto habitacional que está em construção. Os guardas faziam a segurança do local (veja abaixo trechos do comunicado).

A polícia espera a recuperação do advogado pra que ele possa prestar depoimento. A investigação quer saber se o advogado e o cozinheiro que dirigia o carro participavam de algum grupo de pessoas sem teto. Até o momento, nenhum movimento social se manifestou sobre a tentativa de ocupação.

Uma placa na porta do local mostra que as obras no conjunto habitacional está anunciado desde 2010. Mas o local ainda está pela metade: só um dos prédios já tem moradores. Famílias desabrigadas no incêndio na Favela do Moinho no Bom Retiro, em 2012, e ex-moradores de outra favela incendiada, no Jaguaré, foram chamados com prioridade.

Vídeo gravado por testemunha mostra momento que carro atropela advogado. Depois GCMs atiram no motorista, que é morto em São Paulo — Foto: Reprodução/Redes sociais

Também por meio de nota, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que o caso foi registrado na Polícia Civil como”resistência e morte decorrente de intervenção” da GCM. Segundo o boletim de ocorrência feito no 91º Distrito Policial (DP), Ceasa, foi apreendida uma arma falsa com o motorista.

Vídeo gravado por uma testemunha mostra o momento em que o automóvel dirigido pelo motorista atinge um homem com camisa branca, identificado como sendo um advogado, e o derruba em frente ao portão do conjunto habitacional em construção. As autoridades não informaram o que o advogado fazia no local.

Em seguida, é possível ver os guardas civis sacando suas armas e atirando contra o condutor dentro do veículo Palio preto, que ainda acelera até passar pelo portão e entrar no imóvel. Ao todo, são escutados pelo menos cinco disparos, o último dentro do conjunto.

Pelo vídeo, um guarda aponta uma arma em direção à população que acompanhava a confusão do lado de fora do imóvel.

O que diz a Secretaria da Segurança Pública

GCM aponta arma para população que estava em frente a imóvel depois que motorista foi morto — Foto: Reprodução/Redes sociais

Por meio de nota, a Secretaria da Segurança Pública informou que o cozinheiro “morreu após ser baleado por guardas municipais em uma intervenção policial, enquanto atropelava intencionalmente um advogado”.

“Os guardas municipais estavam em um prédio público que é constantemente alvo de invasões. Naquele momento, os GCMs cuidavam para que ninguém entrasse no imóvel e havia uma aglomeração de pessoas do lado de fora, com o advogado que, até então, não havia se apresentado”, informa outro trecho do comunicado da pasta.

Ainda no comunicado, a SSP informou que o motorista”atirou o carro contra as pessoas, atropelando o advogado. Os guardas ordenaram para que ele parasse, utilizaram munição não letal, mas ele continuou passando o carro sobre a vítima, motivo pelo qual os GCMs atiraram”.

Segundo a Segurança, o “caso foi registrado como Resistência / morte decorrente de intervenção policial / localização e apreensão de objeto / lesão corporal / esbulho possessório”, e o vídeo que mostra a confusão será analisado pelo 91º DP, responsável pela investigação.

O que diz a prefeitura

Local onde GCMs atiraram em motorista que atropelou advogado na Zona Oeste de São Paulo — Foto: Reprodução/Google Maps

Também por meio de um comunicado, a Prefeitura de São Paulo informou que a Secretaria Municipal de Segurança Urbana, soube que a “GCM foi surpreendida por um veículo que acelerou bruscamente e forçou a entrada em um conjunto habitacional em construção”.

De acordo com a GCM, “o local conta com a presença contínua de guardas por já ter sido alvo de invasão anterior”.

E, por um instante, “o veículo atingiu uma pessoa que estava conversando com os agentes em frente ao portão, além de colocar em risco a vida de todos”.

“A equipe da GCM, no intuito de preservar a vida de todas as pessoas presentes, conteve a injusta agressão, desferindo disparos de elastômero (bala de borracha). Como o condutor não acatou a ordem de parada, mantendo o risco à vida dos presentes, foi necessário prosseguir com o uso progressivo da força, e um agente desferiu um tiro de arma de fogo”, informa a nota da prefeitura. “O agressor morreu no local, enquanto o homem atropelado pelo autor, um advogado, sofreu graves lesões e foi socorrido ao Hospital da Luz”.

Segundo a GCM, foram encontrados com o motorista “um simulacro de arma de fogo e uma porção de erva, aparentemente maconha, que foi apreendida e encaminhada à polícia para confirmação pela perícia técnica”.

Homem é morto por GCM depois de tentar invadir prédio na zona oeste

A prefeitura também informou que o imóvel em que a GCM fazia segurança pertence à Secretaria Municipal de Habitação, que “constrói o Conjunto Habitacional Ponte dos Remédios, que irá atender 341 famílias com unidades habitacionais definitivas, com investimento de R$ 151 milhões, entre obras e desapropriações”.

Segundo o texto, o local já havia sido invadido no fim de fevereiro de 2021, quando as obras estavam praticamente prontas.

“O prédio permaneceu ocupado até o fim de junho, quando houve reintegração de posse e foram verificadas diversas avarias, que além de atrasarem a entrega dos apartamentos, resultou em prejuízo de R$ 5,2 milhões devido à necessidade de reparos. As unidades serão entregues nas próximas semanas”, continua a nota.

Fonte: G1