Polícia abre inquérito para investigar venda de lotes em aterros clandestinos em área ambiental na Zona Leste de SP
Dois aterros clandestinos foram fechados na segunda-feira (29). Ao todo, 20 motoristas e dez coordenadores foram levados para a delegacia por crime ambiental.
Lotes são vendidos em aterros ilegais na Zona Leste de SP
A Polícia Civil abriu um inquérito para investigar a venda de lotes para a construção de casas em dois aterros clandestinos na Zona Leste de São Paulo localizados em uma área de proteção de mananciais e que foram fechados na segunda-feira (29).
Moradores, que preferem não ser identificados, confirmaram que a área foi loteada e algumas casas já estão em construção. Segundo eles, alguns lotes foram vendidos por mais de R$ 100 mil.
Os acessos aos terrenos foram bloqueados.
Nesta terça-feira (30), nenhum veículo foi flagrado no local tentando despejar lixo nem restos de construção nas duas áreas, uma na Avenida Jacu-Pêssego, que liga a cidade de Mauá à Zona Leste da capital, e a outra no Parque São Rafael.
Aterro clandestino fechado pela polícia na Zona Leste de SP — Foto: Reprodução/TV Globo
Ao todo, 20 motoristas e dez coordenadores foram levados para a delegacia por crime ambiental. Nesta terça, cada um deles pagou R$ 1.200 de fiança para aguardar o fim das investigações em liberdade.
Vinte caminhões e quatro máquinas usadas na terraplanagem, que estavam em posse do grupo, foram apreendidos pela polícia em um pátio na Grande São Paulo.
A policia informou ter identificado os donos das duas áreas e está à procura deles para obter informações sobre quem é o responsável pela administração do local.
A Prefeitura de São Paulo disse que irá encaminhar uma equipe de fiscalização ao local para verificar possíveis danos ao meio ambiente.
Crime ambiental
Um dos aterros ficava nas margens da Avenida Jacu-Pêssego, que liga a cidade de Mauá à Zona Leste da capital, em uma área que foi desmatada nos últimos dois anos.
Outra área, menor, foi desmatada nos últimos 8 meses no Parque São Rafael. Segundo a investigação, 70% dos destroços de material de construção no local vinham de obras no ABC paulista.
Drones da polícia flagraram quatro máquinas que movimentavam os restos de materiais e a terra no local a partir de destroços que eram trazidos por caminhos. Os motoristas eram orientados a seguir para pontos diferentes da área e despejar terra e restos de construção.
No domingo (29), 16 caminhões de destroços foram parados pela polícia e todos os motoristas foram presos por crimes contra o meio ambiente.
Segundo a polícia, nos últimos dois anos, dois cursos de água e nascentes foram bloqueados nos locais devido a entulhos e terras depositados. Por um dos terrenos passam dutos de distribuição de combustíveis. Os invasores derrubaram as estacas de alerta e também aterraram o local.
“Além do crime ambiental, nós vamos continuar a investigação, porque [com] esse crime ambiental, muita gente está tendo uma vantagem econômica e com certeza deve existir a lavagem de dinheiro, que será apurada na sequência”, afirmou o delegado Luiz do Carmo, responsável pela divisão de Infrações contra o Meio Ambiente.
Fonte: G1