Educação

Um ano depois do prazo final, só 540 das 13 mil salas das escolas municipais tiveram equipamentos de transmissão de aulas instalados

Equipamentos servem para transmitir ao vivo as mesmas aulas dadas presencialmente, de forma que alunos que optassem por seguir no ensino remoto teriam mesmo conteúdo das aulas presenciais. A administração municipal afirma que a ‘instalação depende de adequações na infraestrutura elétrica e de rede para receber todos os equipamentos’.


O então secretário municipal de Educação, Bruno Caetano, e o então prefeito Bruno Covas (PSDB) no dia do anúncio dos equipamentos em setembro de 2020. — Foto: Bárbara Muniz Vieira/G1

O então secretário municipal de Educação, Bruno Caetano, e o então prefeito Bruno Covas (PSDB) no dia do anúncio dos equipamentos em setembro de 2020. — Foto: Bárbara Muniz Vieira/G1 https://tpc.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html

Um ano depois do prazo dado pela Prefeitura, os equipamentos que seriam usados para transmitir as aulas online para alunos que optassem por se manter no ensino remoto ainda não foram instalados em grande parte das escolas da rede municipal.

Até esta quinta-feira (25), de acordo com nota da Prefeitura, os equipamentos foram instalados em apenas 540 de 13 mil salas de aula das escolas municipais. Só na Zona Oeste da capital, pelo menos 80 escolas ainda não receberam a instalação. A administração municipal afirma que “a instalação depende de adequações na infraestrutura elétrica e de rede para receber todos os equipamentos” (leia nota completa abaixo).

O anúncio de que 13 mil salas de aula de 1,5 mil escolas municipais seriam equipadas para transmitir as aulas foi anunciada pelo então prefeito Bruno Covas (PSDB) em setembro do ano passado. A ideia era de que os professores transmitissem ao vivo as mesmas aulas oferecidas presencialmente aos alunos.

Assim, os alunos que optassem por seguir no ensino remoto teriam o mesmo conteúdo das aulas presenciais. Mas, a um mês do encerramento oficial do ano letivo, os alunos ainda não têm acesso a essas aulas ao vivo. Os equipamentos – um projetor multimídia com telão, um computador, caixa de som e wi-fi nas áreas comuns – foram comprados e chegaram às escolas, mas passaram a pandemia toda sem serem instalados.

Diferentemente do determinado pelo governo às escolas estaduais, o município optou por não obrigar a presença física dos alunos nas escolas.

Apesar de 100% dos alunos terem permissão da Prefeitura para frequentar as aulas presencialmente desde 25 de outubro, os pais que não desejam enviar seus filhos para a escola podem assinar um termo e se responsabilizar pelo acompanhamento pedagógico em casa, que inclui fazer lições e assistir a vídeos.

Na ocasião do anúncio de compra dos equipamentos, o então secretário municipal da Educação, Bruno Caetano, disse que a partir de outubro de 2020, 33% das salas de aula receberiam os equipamentos e passariam a transmitir as aulas ao vivo, mais 33% em novembro de 2020 e as últimas 33% em dezembro de 2020. A promessa, no entanto, não foi cumprida.

Mas, como os equipamentos ainda não estão instalados, os professores têm passado atividades por escrito aos alunos via Google Sala de Aula.

Um diretor de uma escola municipal de ensino fundamental da Zona Oeste da capital disse ao g1 que na sua escola, 10% dos alunos seguem em ensino remoto, mas os equipamentos não foram instalados. Os servidores entrevistados pediram para não serem identificados.

“Os equipamentos estão se deteriorando e ficando obsoletos nas escolas aguardando instalação. O prejuízo é enorme. Inclusive nas aulas presenciais, pois limita o professor na utilização de materiais audiovisuais e internet”, afirma.

Nas escolas da Zona Sul, a história se repete. Uma coordenadora pedagógica afirmou ao g1 que pelo menos dez escolas da região ainda não tiveram os equipamentos instalados.

“Não foi instalado aqui e não conheço escolas da minha Diretoria Regional de Ensino onde tenha sido instalado. Os equipamentos estão em um armário na minha sala. E temos alunos em ensino remoto em todas as escolas, os pais optaram por não voltar”, afirma.

“A Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Educação (SME), informa que um conjunto de medidas foram adotadas para o enfrentamento da pandemia no que compete à educação municipal. O ensino remoto síncrono e assíncrono,  a aquisição dos tablets, as salas   digitais e a distribuição do material impresso Trilhas de Aprendizagem fazem parte dos esforços realizados pela SME. A pasta ressalta que segue o plano de instalação para modernização das salas de aula e todas as escolas já contam com internet banda larga.  

Mesmo com os desafios causados pela pandemia, a SME avançou com a aquisição e distribuição dos equipamentos, assim como adaptações estruturais quando necessário. Atualmente, 540 salas de aula estão com os equipamentos instalados. A instalação depende de adequações na infraestrutura elétrica e de rede para receber todos os equipamentos”, diz

Tablets

Depois de muito atraso, a conclusão da entrega de 439 mil tablets a 540 escolas de ensino fundamental e 40 mil para alunos de educação infantil prometida para agosto foi concluída, de acordo com a Secretaria Municipal da Educação. O investimento total foi de R$ 600 milhões.

A compra de 465 mil tablets foi anunciada pela Prefeitura em agosto do ano passado, cinco meses após o fechamento das escolas provocado pela pandemia de Covid-19.

No final de setembro, o Tribunal de Contas do Município (TCM) suspendeu a licitação e indicou a necessidade de ajustes no edital. Só no final de outubro o TCM liberou o edital de licitação após ajustes.

As aulas presenciais foram suspensas no dia 17 de março de 2020 na cidade de São Paulo por causa do início da pandemia. Em abril de 2020, o ensino a distância foi implementado, mas muitas crianças de baixa renda deixaram de acompanhar as aulas por falta de aparelhos com acesso a internet na família.

As escolas com quem o g1 falou confirmam que receberam os equipamentos, mas muitos deles estão com sem funcionar há meses.

“Temos tablets que apresentaram problemas em julho. Até agora, não teve assistência técnica. Os problemas são variados: sistema operacional, sem reconhecimento de chip, problemas nos aplicativos, acidentes de queda etc. Hoje estou com 50 tablets aguardando manutenção. Outras escolas têm número maior”, afirma um diretor de escola da Zona Oeste.

A pouco menos de um mês para o encerramento de um difícil ano letivo atravessado pela pandemia, os servidores não escondem a insatisfação com os problemas, que se repetem e se prolongam por anos.

“Nesta administração, quase tudo é grave. Muita publicidade e pouca competência”, resume um servidor.

Em nota, a Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Educação (SME), disse que foi impedida de apurar devidamente a demanda sobre os tablets quebrados porque a reportagem não passou os nomes das unidades escolares. Os entrevistados pelo g1 pediram para não serem identificados por medo de retaliações.

“Em caso de intercorrência com os tablets, os responsáveis são orientados a procurar a unidade escolar. Cada caso é avaliado individualmente e a escola poderá ficar com o aparelho para que sejam realizados reparos necessários ou até mesmo a substituição.”

Fonte: G1

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