Cotidiano

Metrô de São Paulo gastou R$ 61 milhões com 86 falhas em 2022; valor é o maior desde 2018

Levantamento da TV Globo apontou também que a linha 1-Azul foi a que mais apresentou ocorrências, sendo 30 panes.


Escadas rolantes da estação Santa Cruz (Linha 5-Lilás) do Metrô de São Paulo — Foto: Fábio Tito/g1

Escadas rolantes da estação Santa Cruz (Linha 5-Lilás) do Metrô de São Paulo — Foto: Fábio Tito/g1

O metrô de São Paulo gastou mais de R$ 60 milhões com 86 falhas registradas no sistema apenas em 2022. É o que aponta um levantamento exclusivo feito pela TV Globo, via Lei de Acesso à Informação (LAI). Foi o maior valor gasto com panes dos últimos cinco anos.

Os dados apontam também que o ano passado teve o maior número de falhas desde 2020, quando naquele ano foram 67 problemas registrados. Em 2021, havia caído para 59. Já antes da pandemia, em 2019, 98.

A linha 1-Azul foi a que mais apresentou ocorrências, sendo 30 panes. A segunda com mais falhas foi a 15-Prata, com 22 casos. Em seguida, a linha 3-Vermelha, com 21. A linha-2 Verde, teve 13 registros.

Os motivos são falhas no trem (38), nos equipamentos ou na via (25), no sistema elétrico (12) e no sistema de controle (11).

Passageiros enfrentam plataformas lotadas na estação Sé, na região central de São Paulo, em 2022 — Foto: Celso Tavares/g1

Passageiros enfrentam plataformas lotadas na estação Sé, na região central de São Paulo, em 2022 — Foto: Celso Tavares/g1

Mais do que transtornos

E o aumento do número de falhas nas linhas do metrô causa mais do que transtornos aos passageiros que tanto dependem do transporte: gera gastos. No ano passado, a companhia gastou R$ 61 milhões para corrigir falhas ou fazer a manutenção para evitar outras falhas.

Este valor aponta que houve uma alta de 52% na comparação com 2018, quando foram gastos R$ 40 milhões em manutenção. Em 2019, R$ 47 milhões e, em 2020, caiu para R$ 46 milhões. Já em 2021 voltou a subir: R$ 52 milhões.

“A gente precisa começar a investir nessas manutenções, mas também reativar o setor de projetos para que se pesquise novas tecnologias, processos de modernização que demandem inclusive menos manutenção”, diz Anderson Kazuo Nakano, professor do Instituto de Cidades da Unifesp.

Ricardo Santos, gerente de manutenção do metrô, diz que os equipamentos estão sujeitos a falhas operacionais.

“A falha é consequência do equipamento, é em operação. Nosso equipamento ou todo o equipamento, não só do metrô, como de outros outras empresas, são sujeitos a falhas”.

“As nossas portas dos trens abrem por dia um milhão e sessenta mil vezes. Esses equipamentos podem falha. Então, o nosso plano de manutenção é baseado sempre ou periodicidade por tempo ou periodicidade por quilometragem. Estes são os dinheiros gastos com materiais de acordo com o planejamento destas manutenções”, diz.

Camila Lisboa é presidente do Sindicato dos Metroviários. Ela diz que faltam funcionários para o setor de manutenção. Ela defende a abertura de novos concursos para completar e qualificar o quadro de profissionais.

“O último concurso para contratar trabalhadores pra manutenção foi em 2016. De lá para cá, tiveram planos de demissão voluntária, planos de demissão incentivada, pessoas que se aposentaram e não teve renovação do quadro, então, tem menos funcionários para poder atender as demandas da manutenção”.

“Diminuiu o número de funcionários em geral. Em julho de 2020 tinham 8.500 funcionários no metrô, agora tem 7.200. O impacto disso é sobre os próprios funcionários que têm uma sobrecarga de trabalho e também para os passageiros que acabam recebendo um serviço não tão bom. Então, a falta de investimento público vítima os trabalhadores do metrô e os passageiros”, ressalta.

Sobre o questionamento do sindicato dos metroviários com relação às contratações, o gestor do Departamento de Manutenção do metrô de São Paulo disse que elas foram feitas em2019 e podem estar relacionadas com o concurso público realizado em 2016.

Afirmou ainda que o metrô vem buscando equilíbrio econômico e sustentabilidade da empresa preservando a expertise dos metroviários e a qualidade do serviço.

Fonte: G1

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